sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Nadando contra a corrente


Quando Joshu, aos 116 anos morreu, os discípulos chegaram ao lado dele e disseram: “Mestre nos diga alguma coisa”, e ele - “eu já disse tudo”. Mas um discípulo continuou: “não, mas nos deixe alguma coisa”, e o Mestre disse: “a vida é um sonho”. Cento e dezesseis anos é muito tempo para alguém morrer lúcido, como aconteceu com Joshu, ele é um recordista entre os Mestres Zen. O nosso  superior da ordem que morreu em 2008, Miyazaki Roshi, morreu  com 108, ele trabalhou até 30 dias antes de morrer. 

Esse negócio de ficar sentado de frente para a parede, fazer regime, pensando em termos de vida de Monge Zen, fazendo meditação, acaba não apenas você vivendo mais, como também a vida parece mais comprida, porque é o oposto do que chamam de “se distrair ou se divertir”, que é ouvir música alta, se embriagar, se drogar ou qualquer coisa assim. 

Acaba sendo o contrário, pois para se obter clareza e lucidez, sentamos em meditação. Por isso no Zen dizemos que estamos aqui em busca da clareza e da lucidez, de compreensão, então não usamos nada que altere a consciência. Tudo o que aumente a consciência é o que nós estamos buscando, e acaba sendo distinto do que o mundo procura e chama entretenimento.