sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

As três formas de caminho


Aluno: É certo dizer que o vazio é amor?
Monge Genshô: Não está certo dizer que “o vazio é”, porque isso seria dar a ele uma realidade. Amor é um sentimento que, mesmo que seja uma forma muito elevada, ainda inclui eu aqui e o outro lá. “Eu amo você”, eu estou aqui e você está lá. Isso ainda é dualidade, assim como se compadecer. Tem três formas de caminho: o primeiro é o da virtude, que vemos frequentemente nas religiões e no budismo também. Os preceitos têm essa forma de virtude e são caminhos virtuosos, se você os segue sofre menos. O segundo é o estágio de bodhicitta, estágio da compaixão, quando você se compadece, mas ainda neste estágio há a separação. Nesse segundo estágio você não precisa dos preceitos, porque aquele que se compadece já não pode matar e já não pode enganar, isso tudo já não está na natureza dele, então você já pode ignorar o caminho da virtude e ficar com o caminho da compaixão. Mas o caminho da compaixão está cheio de dualidade também. O terceiro estágio é o da não dualidade. Nesse estágio não existe mais eu. Eu e todos os outros seres somos um. Se é assim, não se trata mais de compaixão, na realidade a dor dele é a minha dor, eu a sinto em mim, a felicidade dele é a minha felicidade, eu a sinto em mim. Se prestarem atenção todos que conhecemos na sangha estão no primeiro estágio. Dizemos: “não faça isso assim”, “não deixe lixo no chão”, “limpe seu prato para não dar trabalho a outro” e etc. Estamos sempre chamando a atenção para as questões da virtude. Tem-se esperança de que a pessoa chegue pelo menos no segundo estágio, mas o terceiro é a iluminação, é esquecer de si mesmo e se tornar uno com todos.