quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

O louvor a igualdade das mulheres por Dogen Zenji


Postado por Monge Komyô:

Nestes dias de conscientização sobre a cultura de misoginia e abuso contras as mulheres, apresento excertos de um belo ensaio do grande mestre zen Eihei Dogen, em seu tratado Shobogenzo.

Em um período (1240 C.E.) onde o desmerecimento às mulheres era galopante, Dogen Zenji escreve um maravilhoso ensinamento de respeito ao Feminino, e um louvor a igualdade.

A tradução destes poucos trechos é minha, adaptada para sintetizar alguma passagens. O texto original que usei é de tradução do Prof. Emeritus Stanley Weinstein Ph.D., especialista no Budismo Sino-japonês da universidade de Yale.

“Raihai Tokuzui” (Prestando homenagem e atingindo a Essência)

Eihei Dogen - Dezembro 1240 C.E.

Não há dúvida de que existem pessoas que não prestam homenagem a mulheres ou monjas, tendo estas obtido o Dharma e que o estejam transmitindo. Aquelas pessoas não entendem o Dharma, e desde que obviamente elas jamais o estudaram, são como bestas, completamente afastadas dos Buddhas e ancestrais.

O feminino não é diferente do masculino, portanto homens e mulheres podem obter o Dharma sem distinção entre os dois (...) Assim, não te percas em ideias de separação como a de que homens são diferentes das mulheres.

Do mesmo modo, hoje em dia, existem aqueles que são extremamente estúpidos e pensam, "Mulheres são nada mais do que objetos sexuais e provedoras de comida." Estas pessoas falham em considerar que esse tipo e pensamento resulta de visões distorcidas e erradas. As crianças de Buddha não deveriam ser assim.

Há monge tolos, na China, que fazem o seguinte voto, 'Eu não irei olhar para uma mulher por incontáveis renascimentos no porvir.' Em qual Dharma isto está fundamentado? Qual é o terrível demérito em ser uma mulher? Qual é o grande mérito em ser um homem? Há muitos homens maus, e muitas boas mulheres. Se tu desejas ouvir o Dharma e pôr um fim ao seu sofrimento e tumulto, esqueças de tais coisas como a ideia de distinção entre mulheres e homens.

Monges que tem aversão às mulheres estão profundamente inebriados com o vinho da arrogância, e suas palavras de desprezo são palavras de loucura induzida pela intoxicação. Seres humanos e deuses jamais deverão levar a sério estas atitudes.