Aluna: Sobre a questão da fala, o
senhor é bem pontual em relação a usar palavrões de qualquer tipo…
Monge:
Faz muitos anos que eu não uso isso. Nem minha esposa nem ninguém pode fazê-lo
em casa. A nossa cachorra eu não sei muito bem o que ela está dizendo (risos).
Mas nós estabelecemos esse padrão. E não faz falta nenhuma. Ao contrário, porque
todas as vezes que você usa palavras baixas, você está trazendo para este
ambiente as referências ligadas àquelas palavras. Elas são meros sons, mas
são sons que remetem você a sentimentos baixos ou desagradáveis e, portanto, não são um bom treinamento para a mente.
Aluna: Fui a um lugar que não era
assim. Lá todo mundo dava risada. Eu ficava tentando não julgar porque eu não
estava tendo muita noção…
Monge:
Compreendo, mas vamos dizer de outra forma. Na nossa linhagem, isto é não
admitido. Se você quer praticar aqui, tem que assumir certas regras. Nossa
maneira de falar tem que ser bonita e elevada. Nossos hábitos de alimentação
têm que ser tanto quanto possível hábitos que evitam o sofrimento. Nenhuma
violência é admissível. Nenhum uso de drogas é admissível. Nós não devemos
perturbar nossa mente. Tudo que trás essas perturbações deve ser afastado. São
cinco regras básicas: não matar, não roubar, não enganar, não usar sua
sexualidade de forma a causar sofrimento e não usar substâncias que alterem sua
consciência. Se você quer praticar nesta linhagem, você tem que admitir que a
prática é essa. É claro que nós nunca conseguimos cumprir os preceitos com
perfeição, mas tem que haver esforço nesse sentido. E a prática na Sangha é uma
prática assim. Como eu explico muitas vezes, a Sangha não é uma democracia. A
Sangha é uma autocracia. Você vem para a Sangha porque gosta da linhagem, gosta
da maneira como este professor ensina. Se você não gosta da maneira como o
professor ensina, existem tantos outros lugares... Vá para outro lugar. É
assim. Nós não estamos preocupados em salvar as almas das pessoas, porque no
budismo não se pensa nisso. Não se pensa que as pessoas estão condenadas. Tem
muito tempo. Muito, muito tempo. Milhões de anos, milhares de vidas para você.
Se nesse momento não é admissível para você, não é. Tente outra prática, outro
lugar.
[N.E.: transcrição de trecho de palestra realizada pelo Monge Genshô Sensei]
[N.E.: transcrição de trecho de palestra realizada pelo Monge Genshô Sensei]