quinta-feira, 30 de novembro de 2017
quarta-feira, 29 de novembro de 2017
O que realmente importa
Um
jovem uma vez me apareceu com o cabelo pintado de azul elétrico, uma coisa
assim, e ele perguntou-me: “o que o senhor acha?”. Eu disse: “eu não acho nada. Isso não
me impressiona”.
Agora
se você viesse aqui e dissesse que havia treinado 10 anos e tocava piano muito
bem, aí eu realmente respeitaria, mas pela cor de seu cabelo no máximo podemos
cumprimentar o cabeleireiro, pois o detentor não fez nada. Nós procuramos coisas fáceis
demais para fazer, quando na realidade deveríamos fazer as coisas difíceis, como
sentar para meditar, estudar e investigar nossa mente. Um trabalho muito
grande, difícil, esse merece respeito. É como alguém que disse: “eu li 50 livros
esse ano” - isso merece meu respeito, mas as coisas fáceis que as pessoas fazem,
como comprar uma roupa, isso não é nada. Por isso no Zen nós dizemos para que os praticantes vistam roupas discretas. Muitos preferem preto
porque é tradicional, mas na verdade o que queremos dizer é que não venham para a sangha com uma
roupa da moda para mostrar aos outros como você é especial, porque aqui isto não
é especial.
[N.E.: trecho de palestra proferida por Meihô Genshô Sensei]
[N.E.: trecho de palestra proferida por Meihô Genshô Sensei]
terça-feira, 28 de novembro de 2017
segunda-feira, 27 de novembro de 2017
Símbolos e Rituais
Aluno: O zen mostra uma visão
desiludida das coisas (desiludida de sem ilusões). Eu comprei isso aqui (um
colar com símbolo), e gostaria na verdade de uma leitura sobre os símbolos ou
signos.
Monge Genshô:
Como você mesmo disse, não é relevante. Os símbolos e os rituais são linguagem
para o inconsciente. Nós sonhamos com signos, e eles nos atingem de alguma forma. Nós montamos um altar, colocamos uma estátua, colocamos flores porque é bonito. Colocamos
vela, que é o símbolo da iluminação. Acendemos incenso, etc. Nós fazemos essas coisas,
mas elas não são o budismo. São o que nós chamamos de upaya, meios hábeis: são
meios para criar um clima, para ajudar as pessoas que se sentem impactadas pelo
ambiente, mas não são realidade alguma e não são essenciais.
Por isso nós
contamos a história do monge Zen que estava com frio, pegou a estátua de
madeira de Buda, partiu em pedaços, fez lenha e fez uma fogueira. Daí os
outros monges que apareceram de manhã disseram: “oh, você queimou o Buda!”, e
ele retrucou: “é mesmo? Cadê os ossos? (sariras)". O que ele quis dizer é que era só
madeira; naquele momento era madeira: eu estava precisando e pronto, acabou.
Então, o símbolo ou qualquer coisa que você goste e use pode ser inspirador, mas
se alguém me pergunta e diz: “ah, eu queria fazer uma tatuagem de Buda para
mostrar que sou budista”, eu digo: “não faça isso! Você quer ser diferente das outras
pessoas?”. Tudo o que fazemos para nos diferenciar, nos atrapalha. É um reforço
egóico.
[N.E.: trecho de palestra proferida por Meihô Genshô Sensei]
[N.E.: trecho de palestra proferida por Meihô Genshô Sensei]
sexta-feira, 24 de novembro de 2017
Quem é Você? (parte final)
Nós nos achamos muito importantes, muito relevantes. Por isso a pergunta é: “já
que nós atingimos tal nível de consciência, quem somos nós, verdadeiramente,
além disto?”. Essa pergunta precisa ser resolvida com a experiência, com a visão
pessoal. Isso se chama Kenshô, as primeiras experiências que querem dizer "ver
sua verdadeira natureza" (KEN = ver; SHO = verdadeira natureza).
Só que tal experiência precisa ser aprofundada muitas vezes até nós dizermos: “ah, esta é uma iluminação relevante". Embora o kenshô seja uma experiência iluminada, ela é curta, evanescente,
que fica só como uma lembrança. O kenshô não é uma experiência tão difícil de ser obtida.
No Zen, é disso que estamos falando e é para isso que estamos trabalhando. Nós estamos
jogando fora todos os deuses, todas as almas, todos os espíritos, todas as
crenças sobrenaturais. No Zen não há espaço para isso. Para o Zen, já é
sobrenatural o suficiente nós estarmos sentados aqui nesta sala, com corpos
feitos de átomos antiquíssimos, mais velhos que a Terra; estarmos organizados
como seres viventes; estarmos conseguindo conversar sobre este assunto - isso tudo é
profundamente sobrenatural, e as pessoas mesmo assim ficam procurando homenzinhos verdes,
ou fantasmas, ou milagres, ou poderes especiais...
O milagre está disponível aqui e
agora. É incrivelmente milagroso! Como nós não enxergamos isso?
[N.E.: trecho de palestra proferida por Meihô Genshô Sensei]
[N.E.: trecho de palestra proferida por Meihô Genshô Sensei]
quinta-feira, 23 de novembro de 2017
quarta-feira, 22 de novembro de 2017
Quem é Você? (parte 2)
Quem é você?” Depois
de quatro ou cinco perguntas, geralmente uma pessoa diz: “eu não sei”, porque
ninguém sabe quem é. Quando Buda ilumina-se, ele diz para si mesmo: “tu não me
enganarás mais"; ele vê a si mesmo e diz “tu não me enganarás mais”.
Todos nós nos enganamos a todo tempo - olhamo-nos no espelho e dizemos:
“aí estou eu”. Mas a consistência, a realidade do seu ser é tão sólida quanto
aquela que você vê no espelho, ou seja, é consistência zero. Não existe uma
solidez no que você vê. O que você vê na realidade é o reflexo da luz visível
em uma parte do espectro eletromagnético batendo nos átomos do seu rosto. Não é
real, é só uma fração muito pequena da realidade: o espectro da luz visível no
espectro eletromagnético é equivalente a um fotograma em um filme com três mil
quilômetros de comprimento - de Florianópolis até Salvador. Este espectro da luz visível é um
fotograma, e o resto todo nós não vemos. E você acha que vê a realidade?
Pensem:
agora, através de nossos corpos estão passando todas as mensagens de celulares
que os satélites em cima de nós estão transmitindo. Se você pegar um celular e
sincronizar um determinado número, você vai ver aquela mensagem. Essas
mensagens estão passando por nós todo o tempo, e se as víssemos ficaríamos
arrasados pela quantidade de informações que está passando aqui nesta sala
neste instante, mas vocês estão ouvindo só e somente só a minha voz. Todo o resto não está
sendo visto.
Então, o que estamos vendo é uma fração infinitesimal da realidade
disponível, e nós acreditamos que isso aqui é a realidade. Por qualquer aspecto
que nós olhemos, tudo o que está aqui são conjuntos de átomos, códigos genéticos
em operação, funcionamentos extremamente frágeis. É muito fácil que nosso
planeta desapareça, que todos os seres humanos desapareçam, etc. A terra já passou
por cinco grandes extinções em que morreram 70 ou 90% de toda a vida que aqui habitou. Portanto,
que ocorra uma outra extinção e que nos faça desaparecer é bastante plausível.
(CONTINUA)
[N.E.: trecho de palestra proferida por Meihô Genshô Sensei]
[N.E.: trecho de palestra proferida por Meihô Genshô Sensei]
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