Após abandonar o ascetismo, Shakyamuni senta-se por
7 dias em zazen (enquanto achamos difícil permanecer por 40 minutos). Ao amanhecer, surge
a estrela da manhã, e repentinamente ele vê o seu engano, que foi ter
acreditado em si mesmo todo esse tempo. Ele diz: "tu, meu eu, tu não me
enganarás mais".
Então ele pode se
levantar, pois ele entendeu todas as coisas, a origem do sofrimento, a cessação
do sofrimento, qual é o caminho para cessar o sofrimento, como é que ele nasce.
Nós acreditamos em nós mesmos, e por isso nós sofremos. Nós acreditamos na
permanência, e por isso nós sofremos. Existe uma saída para o sofrimento, que é
abandonar essas crenças falsas em si mesmo e em todos os agregados. A origem de
todas as coisas é interdependente, nada surgiu do nada, nada foi criado, todas
as coisas dependem umas das outras e existe uma interdependência. Tão simples.
Ele enxerga isso, diz
isso e se livra instantaneamente do sofrimento. É nesse momento que ele pensa: será que vale a
pena explicar isso para os outros? Será que as pessoas vão aceitar? Dizer que
tudo está errado, que não existem deuses, nem almas, nem espíritos, nem "eus"
sólidos, que nada tem um eu inerente, que nós somos, todos juntos, a própria
unidade, que o eu é um engano, embora pareça tão real. Será que vão aceitar o
que eu vou dizer?
[Trecho extraído de palestra proferida por Meihô Genshô Sensei]