sexta-feira, 29 de junho de 2018

Erros e Acertos, Defeitos e Qualidades



Você só joga um jogo se aceita as convenções daquele jogo. Caso contrário, você sai dele. Esse jogo inclui planejar. Por exemplo, o jogo de xadrez inclui planejar estrategicamente a longo prazo e taticamente a curto prazo, e não é diferente dentro das empresas: faz parte do jogo planejar, pensar no futuro e tudo o mais.

O problema verdadeiro para a iluminação é o seguinte: você está jogando um jogo, mas tem que saber que é um jogo. Você tem que ir lá e fazer o oryoki durante as refeições, mas você tem que saber que é uma convenção criada, que é um ritual estabelecido, mas que o seu erro não é motivo de desespero, não é motivo para ficar horrorizado - “fiquei chateado” ou “fiquei no zazen pensando que tenho que me esforçar para fazer melhor, eu não posso errar, isso é uma vergonha”. Eu vi muitas vezes Monges ficarem arrasados porque erraram. Monja Sodô deve ter visto isso nos mosteiros. Os japoneses são de uma sociedade de vergonha, e ficam extremamente envergonhados por errar, ficam em jejum por terem errado um detalhe. Para brasileiros, é mais ou menos assim: “errei, está bom” (risos). “Na próxima vez eu vejo como é que eu faço” e pronto. Japoneses não compreendem muito bem essa atitude irreverente com relação ao erro, porque para a cultura deles é extremamente importante fazer tudo com a maior perfeição possível.

Agora, esse atribuir enorme importância a algo que é desimportante é um erro de visão. Pode ser até útil do ponto de vista da perfeição do que você faz, do esforço, e isso se traduz na perfeição com que os japoneses costumam fazer todas as coisas: os rituais, a fabricação, a criação, é tudo muito bem feito.
Normalmente defeitos e qualidades têm a mesma origem: um grande defeito de alguém também é sua grande qualidade. As duas coisas estão juntas, e você tem que saber lidar com elas para operar melhor no mundo.

[Trecho de palestra proferida por Genshô Sensei]

quarta-feira, 27 de junho de 2018

A Linhagem de Buda



Pergunta: Eu já ouvi algumas histórias, mas gostaria de saber do senhor, quem são aqueles nomes que recitamos antes de Shakyamuni?



Monge Genshô: Bibashibutsu Daioshô, Shikibutsu Daioshô, etc., são Budas míticos, eles não têm existência histórica, ou seja, a sua citação ali é lendária. O “daioshô” quer dizer grande Mestre, “Dai” é grande e “Osho” é Mestre. Essa é uma designação que damos aos mestres que já são avós no Dharma, ou seja, deram a transmissão, fizeram o discípulo e esse discípulo conseguiu dar a transmissão para alguém, então o chamamos de grande Mestre, porque a linhagem está realmente continuando com ele. Esses Budas anteriores estão ali para significar que sempre surgiram Budas, porque Shakyamuni Buda não é o único Buda da história. Ele é o Buda da nossa era, nosso Buda histórico. Esses nomes anteriores têm significado simbólico.