sexta-feira, 30 de março de 2018

O Sentido da Vida




A questão sobre esse tema bem importante do inominado, do inconcebível, da vacuidade, é que quando nós enxergamos nossa verdadeira natureza, ou seja, que nós somos manifestações desta grande base, aquilo que nós estávamos procurando como sentido desaparece, porque esta questão de “eu estou procurando um sentido para minha vida” também é uma pergunta falsa, porque é uma pergunta baseada na noção de um eu pessoal. Não tem sentido procurar um sentido para a minha vida, mas tem muito sentido que eu transforme a minha manifestação cármica em uma vida com sentido, realizando e fazendo coisas que dão valor a essa vida. Mas, essencialmente, não tem como nós, manifestações cármicas, irmos embora desse universo, isto nos remete a questões como por exemplo: “suicídio é uma saída?”. Não, suicídio não é saída para coisa nenhuma; você é uma onda cármica, se suicida, o que vai acontecer? Essa onda cármica continua, se manifesta de novo com todos os problemas presentes e mais um. Todos os sofrimentos que você causou com o seu suicídio e ainda com uma tendência para repetir esse procedimento, uma vontade de fazer de novo. Você vê isso como uma saída e pode fazer isso um milhão de vezes sem jamais resolver o problema. Ou seja, só teria sentido tentar resolver o problema mesmo.

[Trecho de Palestra proferida por Meihô Genshô Sensei]

quarta-feira, 28 de março de 2018

O Vazio Budista (parte 02)




Nós deveríamos usar uma outra palavra, assim como eu propus que a gente chamasse a reverência uma coisa e prostração outra, em vez de ficar chamando tudo de reverência, o que causa confusão. Então nós deveríamos chamar o vazio, talvez, de “o inconcebível”. Isso iria criar um outro problema, porque introduz uma nova palavra. Tenho chamado, de “nova manifestação cármica” aquilo que antigamente se chamou de “reencarnação” ou “renascimento”, palavras que eu não gosto por causa do “re”, que faz crer que um espírito ou alma fica transitando de corpo para corpo, que não é a explicação budista. Nós somos manifestações cármicas, sempre seguidas, contínuas, através das existências, nos manifestando de novo; sem conservar a noção de um “eu”, do eu da vida anterior, porque perdemos memória, mas sendo essencialmente a mesma coisa, sendo o mesmo ser. O que nos explica porque as pessoas são diferentes umas das outras, porque as pessoas enfrentam dificuldades desde a infância, ou porque existem circunstância que ajudam ou prejudicam as pessoas durante sua vida. Isso é efeito do carma acumulado. Você tem um carma que faz você nascer em determinada condição, ou em determinado lugar ou em determinada família.


Voltando à questão do shunya, o vazio está atrás de tudo o que surge. Então, vazio não significa uma não-existência, mas significa uma potência que propicia o surgimento de todas as coisas. Assim como a existência da água propicia o surgimento do oceano e o surgimento das ondas. Existe uma base sobre a qual nós nos manifestamos e é isso que é shunya. Não há um eu, não há um plano, não há uma intenção, não há uma missão para cada pessoa, porque as pessoas dizem: “ah, a minha missão nessa vida”, “qual é o sentido dessa minha vida?”. A sua vida não tem um sentido especial, você é uma manifestação cármica, você é que pode dar sentido à sua vida, mas você não veio ou nasceu aqui com uma missão específica ou coisa assim, ou para pagar um carma passado, isso é mera consequência do carma passado. Você não está pagando um carma passado, o que nós podemos dizer é que você, como consequência, está sofrendo maus efeitos de maus carmas e bons efeitos de bons carmas. É isso que está acontecendo.

[Trecho de palestra proferida por Meihô Genshô Sensei]