sábado, 30 de junho de 2007

Samsara e Nirvana

No zen há muitas declarações dizendo que o samsara e o nirvana são o mesmo. O que se tenta neste caso é abrir os olhos do aluno para a questão de que quem constrói esta distinção ao olhar o mundo são nossos próprios olhos. A mente iluminada vê o nirvana e a mente deludida vê o samsara.

sexta-feira, 29 de junho de 2007

Existe diferença entre matar um animal para comer, ou colher uma alface?

Ponha o foco no sofrimento e não apenas na palavra matar, que tem um significado mais simples. Os sutras falam em seres sencientes e não incluem as plantas entre eles. Quando você corta cabelos ácaros podem se alimentar deles, bactérias idem, você sofre quando seus cabelos cortados são consumidos?
Não, porque não possuem um sistema nervoso como outras partes do corpo. Assim existe diferença entre uma folha de alface e um ganso de foie grass, torturado para produzir um fígado delicioso. Assim, considerando a dor que seus atos causam você pode ver melhor as marcas cármicas que seus atos produzem.

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Medo de falar em público

Na realidade tudo isto provem de um ego, medo de não ser bem sucedido. É uma forma de orgulho tal como em geral a timidez é. No budismo praticamos para virmos a de esquecer de nós mesmos, de nossa vaidade e desejo de nos sair bem. Assim nossos atos podem se tornar naturais. Lembre que a modéstia pode ser uma outra forma sutil de enganar. Mas livrar-se de tudo isto leva tempo.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Aja, não reaja

Não reaja a nada, apenas permaneça agindo em seu caminho. Corte a sua dependência das reações alheias. Para ser você mesmo o Buda, troque seus olhos, seus ouvidos e sua língua pela língua de Buda e encare tudo com absoluta compreensão pelas limitações dos outros e sem deixar que elas ditem suas ações.

terça-feira, 26 de junho de 2007

Para ouvir o Dharma

“Eu era um jovem praticante de Karatê quando um monge zen budista veio fazer uma palestra em minha academia. Ele vinha regularmente ensinar a pequena Sangha constituída quase exclusivamente de praticantes de artes marciais. Um belo dia ele chegou em meio à tarde, e como havia um grupo de karatê em pleno treinamento, o professor o convidou a fazer uma palestra de improviso para este público novo. Foi providenciada uma sala vazia, apenas com tatames, e os alunos convidados. Já que um professor de zen budismo estava oportunamente à nossa disposição, os que desejassem deveriam ir à sala ao lado para ouvir.
Explicou, o professor, que o zen budismo havia influenciado profundamente as artes marciais, sendo a base filosófica atrás delas.
Aproximadamente 30 karatecas reuniram-se na sala onde o monge aguardava de pé. Disciplinadamente alinharam-se junto às paredes. O monge olhou para todos sem dizer palavra. Voltou-se para a parede, ajoelhou-se em seiza ( a posição ajoelhada e sentada sobre os calcanhares que se usa nas artes marciais porque permite um levantar instantâneo), todos viraram-se para as paredes, a um sinal dele, entendendo que desejava um momento de concentração, como estavam
acostumados a fazer por um minuto antes das aulas. Porém ele bateu seu pequeno sino portátil e informou: - VINTE minutos.
O grupo tratou de agüentar estoicamente.

Apenas os praticantes de zen, eu e mais três professores, sabiam o que era ficar imóvel tanto tempo em seiza. Dores fortes tomam os joelhos e os calcanhares, câimbras as coxas, se não forem flexíveis. Contei quatro desistências, levantaram-se e saíram pela porta simplesmente. O sino tocou, o monge voltou-se, e todos o acompanharam aliviados virados para o centro. Seu olhar percorreu vagarosamente sem uma palavra toda a sala, rosto por rosto. Sem nenhuma explicação voltou-se novamente para a parede, tocou o sino e declarou firmemente: - Mais VINTE minutos.
Sem saber quando terminaria aquela tortura, debandaram um a um a maioria dos presentes.
Ouvia o ruído do levantar, a fricção do quimono e os passos abafados.

Após, o toque do sino marcando o final. Viramos para o centro. Éramos seis. Eu, três faixas pretas e dois dos 30 alunos convidados. Sem observações o monge principiou a falar, deu uma maravilhosa aula, e ao final explicou: - Aqueles que se levantaram vieram aqui apenas por curiosidade, não desejavam realmente encontrar algo essencial, o Dharma não pode ser concedido assim, temos que nos esforçar para merece-lo.”

Trecho do livro: "O Pico da montanha (é onde estão os meus pés)"

domingo, 24 de junho de 2007

Instruções

Dosho San dá instruções à leigos e noviços na grande sala de meditação do mosteiro de Ibiraçu.


sábado, 23 de junho de 2007

Ele não fazia milagres

Sunakkhatta, um discípulo de Buda, resolveu abandona-lo porque ele não realizava milagres. O sutra abaixo fala desse episódio e Buda explica o propósito de se ensinar o Dharma:

1.3. “Faz alguns dias, Sunakkhatta veio até mim e depois de me cumprimentar sentou a um lado e disse: ‘Venerável senhor, eu estou deixando o Abençoado, eu não estou mais sob o seu mando.’ Então eu disse para ele: ‘Muito bem, Sunakkhatta, em algum momento eu lhe disse: “Venha, Sunakkhatta, coloque-se sob o meu mando”?’ ‘Não, venerável senhor.’ ‘Ou alguma vez você disse para mim: “Venerável senhor, eu estarei sob o seu mando”?’ ‘Não, venerável senhor.’ ‘Então, Sunakkhatta, se eu não disse isso para você e você não disse isso para mim – homem tolo, quem é você e do que você está abrindo mão? Considere, homem tolo, que o erro é todo seu.’

1.4. “’Bem, venerável senhor, você não realizou nenhum milagre. E, alguma vez eu lhe disse: “Coloque-se sob o meu mando, Sunakkhatta, que eu realizarei milagres para você”?’ ‘Não, venerável senhor.’ ‘Ou alguma vez você me disse: “Senhor, eu estarei sob o seu mando se você realizar milagres para mim”?’ ‘Não, venerável senhor.’ ‘Então parece, Sunakkhatta, que eu não fiz esse tipo de promessa e você não impôs essa condição. Em sendo esse o caso, homem tolo, quem é você e do que você está abrindo mão?

“’O que você pensa, Sunakkhatta? Quer milagres sejam ou não realizados, o propósito de eu ensinar o Dhamma é conduzir aquele que o pratica à completa destruição do sofrimento?’ ‘Assim é, venerável senhor.’ ‘Portanto, Sunakkhatta, quer milagres sejam ou não realizados, o propósito de eu ensinar o Dhamma é conduzir aquele que o pratica à completa destruição do sofrimento. Então, qual seria o propósito da realização de milagres? Considere, homem tolo, que o erro é todo seu.’


http://www.acessoaoinsight.net/

sexta-feira, 22 de junho de 2007

O que são "os deuses" de quem vejo citações no budismo?

Quanto a questão de deuses o asssunto se presta a alguma confusão, aquilo que se chama no budismo de deuses é um estado de manifestação superior ao humano, mas nada a ver com deuses criadores, ou seja, seria como se você praticando muito diligentemente, mas não se iluminando, atingisse um plano superior e se manifestasse em um mundo divino como um ser
especial, cheio de méritos e vivendo felicidade durante muito tempo, porem na cosmogonia budista estes seres tambem decaem e morrem, sua felicidade também é produto de um bom carma mas carmas se esgotam...

Assim todos podemos nos manifestar como deuses, compreende? Porém esta forma mitológica de nos expressarmos não necessita em absoluto ser aceita, e muitos professores budistas, eu inclusive, gostam de usar estes exemplos no contexto humano, semi deuses como os executivos , poderosos e sempre em luta, deuses, os muito ricos para quem tudo é fácil e parecem aparentemente felizes. Ou seja você não precisa em absoluto aceitar qualquer tipo das mitologias budistas porque elas apenas tem a função de ajudar a esclarecer, e são diferentes em cada cultura onde o budismo se difundiu. Não detem uma realidade absoluta, aliás nem você nem eu nem o meu cão detem uma realidade absoluta, são todos meras ilusões, e os deuses também...

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Como transformar minha profissão em Dô?

No caso do zen qualquer caminho (Dô) que não seja antiético pode ser transformado em caminho espiritual. O caminho é individual e suas exigências se graduam de acordo com o próprio caminhar. O caminho se mostra a cada passo.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Por que quem foi liberado não volta a se manifestar em outros agregados com outros desejos?

Os agregados não são o eu, o eu ilusório é proveniente do funcionamento de agregados que são gerados (ficam juntos) por uma energia cármica. Assim como uma casa é uma casa porque existe a idéia de uma casa na mente de quem constrói, assim esta energia junta os agregados e temos a casa. A dissolução da casa separa os agregados, porém se existe a idéia de casa em alguém eles serão novamente organizados e outra casa será construída, mesmo que usando outros materiais, ou seja a idéia central de casa é que dá origem a esta, desta forma esta idéia (energia) é a verdadeira construtora, não importam os agregados. Enquanto persistir a idéia , o desejo, uma casa será erigida. Quando este desejo se extingue, não há mais construção, o eu é assim também.

terça-feira, 19 de junho de 2007

Há iluminação como no budismo em todas as linhas religiosas?

Precisamos definir o que é iluminação. Que hajam seres iluminados em diferentes correntes de prática religiosa é uma questão a ser colocada, devido aos diferentes níveis de realização espiritual possível que venham a ser assim denominadas.
Didáticamente apenas vamos dividir a realização em 3 níveis (há outras possibilidades, e mesmo a realização entre os bodisatvas é dividida em muitos mais)

1) O virtuoso: A pessoa age como um santo, é virtuosa, não desobedecendo preceitos ou mandamentos de sua religião. Mas mantem um objetivo de agradar a um deus ou alcançar a salvação da morte.

2) O compassivo: O mártir, o que se sacrifica inteiramente pelos outros, o que esquece de si.
Mas mantém a noção de que é um eu separado dos outros seres, morre os abençoando.

3) O Buda: Não tem mais um eu. Ele e os outros seres são um só. Extingue-se com a morte, pois não se manifestará mais. O budismo fala em muitos Budas, anteriores ao histórico e mesmo futuros.

A maioria das religiões pretende o primeiro ou o segundo nível de realização. Mesmo que tenham muita coisa em comum, somente o budismo fala do terceiro, com exceção de alguns dissidentes místicos de correntes raramente conhecidas do cristianismo apofático e da tradição sufi (islãmica) por exemplo.
Desta forma, quando falamos em iluminação no budismo não estamos falando da mesma coisa a que em geral as correntes religiosas se propõem alcançar.

segunda-feira, 18 de junho de 2007

O Zen é avêsso as regras de conduta?

1) O zen é uma escola budista. Baseia-se também nas escrituras, embora enfatize que elas são mapas e não o caminho em si, mas não pode ignora-las. Destas escrituras constam os preceitos, dizer que o zen não estabele linhas de conduta é ignorar toda a base das escrituras originais.

2) Para a inclusão na comunidade dos praticantes zen é padrão assumir-se os primeiros cinco preceitos: Não matar, Não roubar, Não enganar, Ter conduta sexual que não cause sofrimento aos outros, Não usar substâncias que alterem a consciência.

Será que poderíamos dizer do zen que ele se omite quanto a isto?

domingo, 17 de junho de 2007

Oryoki - Refeição ritual

No mosteiro monges iniciam a refeição ritualizada. Em silêncio a mente permanece praticando a meditação embora envolvida em uma ação. Treinamento para a vida diária. Foto Seigen.


sábado, 16 de junho de 2007

Cartilha Buddhista

http://cbb.bodhimandala.com/cartilha/foundations.php?newsid=1&tipo=cartilha

Introdução

Este documento tem como objetivo fundamental oferecer uma síntese sobre as definições, conceitos e dúvidas mais comuns sobre o Buddhismo, além de apresentar igualmente uma síntese sobre as mais comuns definições filosóficas buddhistas presentes em todas as suas tradições reconhecidas. Os fundadores do CBB pretendem, com a divulgação deste material explicativo, contribuir para que o entendimento básico sobre a religião e o sistema de pensamento tradicional buddhistas possa ser mais difundido, evitando-se assim sérios equívocos e mal-entendidos sobre quais seriam as reais bases para o exercício do Caminho Buddhista.

A Cartilha Buddhista foi deliberada e discutida com cuidado e paciência por mais de um ano, entre 2005 e 2007. Consultas foram feitas aos textos e livros originais do cânone buddhista, além de autores buddhistas reconhecidos (ver a bibliografia sugerida ao final desta página).

Jamais foi intenção de seus idealizadores dar uma palavra final, dogmática, sobre como os ensinos e a natureza do Dharma de Buddha devam ser conduzidos e muito menos assumir a posição de autoridade única sobre as definições aqui apresentadas, mas tão-somente oferecer aos simpatizantes desconhecedores da doutrina búddhica uma visão clara, simples e essencial dos seus conceitos e metas, os quais determinam e sustentam o escopo prático do maravilhoso Dharma de Buddha. Com isso, o CBB espera contribuir para que pessoas desejosas de orientação sobre o buddhismo possam distinguir a pertinência das práticas que porventura possam estar participando como sendo derivadas originalmente (ou não) das palavras de Shakyamuni Buddha.

Os termos "buddhismo", "buddhista" e semelhantes foram reproduzidos nas versões que mantém as raízes consonantais do sânscrito latinizado (usando a grafia original "ddh" em vez de sua simplificação portuguesa "d"), conforme a praxe do Colegiado.

O Colegiado Buddhista Brasileiro espera que todos possam ser beneficiados com esta simples introdução aos conceitos buddhistas, e que nossas palavras e explicações possam ser compreendidas adequadamente por todos.

Em nome do Dharma,
Colegiado Buddhista Brasileiro


sexta-feira, 15 de junho de 2007

Primeiro Dokusan

"Tanta coisa...que dizer? Tenho vontade de contar-lhe minha inteira vida. De que alguém me escute com aquela atenção perfeita. O tempo parece parado enquanto ele me olha atentamente, calmo e concentrado no meu olhar. Sinto que todo os meus gestos, postura e respiração estão sob seu escrutínio, mas que nenhuma crítica surge em seu semblante de acolhimento. Falo que a experiência de sentar é magnífica, que estou descobrindo coisas. Ele sorri e diz: “Bom”. Me aconselha a ir mais fundo, não cogitar, não examinar e julgar. Procure sua verdadeira natureza, repete. Todo o tempo me olha profundamente, como quem fala com um filho querido. O mundo inteiro se resume aquela sala, a mesa, o diálogo de duas pessoas imensamente interessadas no que estão fazendo. Não faz mais perguntas e simplesmente espera que eu me despeça. Faço gasshô que ele responde, lentamente, sem parecer automático, concentrado plenamente. Acho que estou desperdiçando uma oportunidade importante, mas não sei usa-la melhor. Levanto-me e me prostro novamente sob seu olhar atento. Enquanto o faço me sinto emocionado, não sei porque. Levanto-me e saio da sala, e descendo as escadas meus olhos estão úmidos. O que sucedeu? A sua presença? O que estou atribuindo a ele? Seu olhar despretencioso? O sorriso acolhedor? Não sei, nada tem a ver com as palavras, é algo dentro de mim."

Trecho do livro "O Pico da montanha" ficção com tema do treinamento zen.

quinta-feira, 14 de junho de 2007

O Homem Santo

"Boatos espalharam-se por toda a região acerca do sábio Homem Santo que vivia em uma pequena casa sobre a montanha. Um homem da vila decidiu fazer a longa e difícil jornada para visitá-lo. Quando chegou na casa, ele viu um simples velho dentro que o recebeu, abrindo a porta.

'Eu gostaria de ver o sábio Homem Santo,' disse ele ao outro. O velho sorriu e permitiu-lhe entrar.

Enquanto eles caminhavam ao longo da casa, o homem da vila olhava ansiosamente em torno, antecipando seu encontro místico e divino com um homem considerado um verdadeiro Santo. Mas antes que pudesse dar pela coisa, ele já havia percorrido a extensão da casa e levado para fora. Ele parou e voltou-se para o velho:

'Mas eu quero ver o Homem Santo!'

'Já o fizeste.' disse o velho. 'Todos que tu encontras em tua vida, mesmo se eles pareçam simples e insignificantes... veja cada um deles como um sábio Homem Santo. Se fizeres deste modo, então quaisquer que sejam os problemas que trouxeste aqui hoje, serão resolvidos.'

E fechou a porta."

Conto Zen

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Exemplo verdadeiro

Aprendi, com o tempo, que não devemos tentar falar sobre o zen, exceto em pílulas...só devemos responder quando perguntados e ainda assim evitar qualquer debate, o Dharma só deve ser dado num ambiente de respeito e no qual o buscador faz algum esforço. Em família é muito melhor quando o praticante se transforma, nada é mais poderoso do que um exemplo verdadeiro.

terça-feira, 12 de junho de 2007

Preceito da fala correta

“Atento ao sofrimento causado pela fala imprópria e pela inabilidade de escutar, eu me comprometo a cultivar a fala amorosa e a escuta atenciosa, de modo a trazer alegria e felicidade para os outros e assim aliviá-los de seu sofrimento. Sabendo que as palavras podem criar tanto felicidade como sofrimento, eu prometo aprender a falar sinceramente, com palavras que inspirem autoconfiança, alegria e esperança. Estou empenhado a não divulgar notícias que eu não saiba serem corretas e a não criticar ou condenar coisas das quais não estou seguro. Eu me absterei de articular palavras que possam causar divisão ou discórdia, ou que possam causar danos às famílias ou à comunidade. Eu farei todos os esforços para reconciliar e solucionar todos os conflitos, mesmo os insignificantes”.

Thich Nhat Hanh

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Um fio de linha vermelho difícil de tirar

Finda a tarde
e ainda
escuto os sons da rua

Uma criança me espera
tranqüila de que irei
confiança

Os dias me lembram
que o tempo não espera por mim

enquanto coleciono
anelos vermelhos
nos dedos

Será tarde um dia?
Não sei...
Apenas hoje
é fim de tarde.

Jisho.
(Monja Zen budista)

domingo, 10 de junho de 2007

Prostrações

No templo de Ibiraçu, monges e leigos se prostram. A prostração é o remédio para o orgulho, uma prática difícil para a vaidade. As mãos ao lado da cabeça são para receber os passos de Buda. Na prostração nos tornamos pontes para o Dharma.


sábado, 9 de junho de 2007

O homem

O homem é terra que fala;
menino que chora perdas sem valia;
que sorri de prejuízos
pensando ganho insano
e quer sempre acrescentar
dias ao ano.
O homem
só existe quando faz,
chora ou sorri.
O mais é engano.

Ivo Santos Cardoso

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Estava escrito...

Esta seria a doutrina da predestinação, ou do destino, neste caso nada mais seríamos que autômatos repetindo uma peça escrita por um autor onipotente.
Neste caso não poderíamos mudar nada e também ninguém poderia ser acusado de culpa alguma. Seria a absoluta falta de liberdade de viver e de modificar o carma. Nada mais longe disto do que o budismo que foca na liberdade, no atingi-la além dos nossos automatismos.

quinta-feira, 7 de junho de 2007

Meditação funciona?

Isso aí só pode ser respondido com a experiência. Nós podemos dizer que a meditação tem algo de subjetivo. Uma pessoa que não meditou vai dizer que é auto-sugestão. Não adianta falar com quem não experimentou. A única coisa que você pode dizer é - experimente. Se você experimentar e sentar em zazen, sofrer, aí dá para falar sobre o assunto, senão não dá. Então a resposta não é tão simples porque pode parecer subjetiva para os outros.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Carregando um grande Ego

Carregando um grande ego, o que você pode fazer?

O Dharma não pode ser conspurcado, isso é certo,

ainda que façamos coisas estúpidas,

O Dharma é indestrutível, antes de mais nada.

Nós destruímos a nós mesmos.


Taizan Maezume Roshi

terça-feira, 5 de junho de 2007

O Buda dentro de você

"...Quando disse ao abade Ajahn Chah, considerado santo por milhões de pessoas, que nem sempre ele agia como um iluminado, ele riu e disse: " Ainda bem, pois do contrário você imaginaria que é possível encontrar o Buda fora de você. E não é onde ele está".

Jack Kornfield em
"Depois do êxtase, lave a roupa suja"

segunda-feira, 4 de junho de 2007

A árvore sem raiz

Para explicar isso melhor tem aquela história da carroça escrita por Nagasena. Ele pergunta ao rei Milinda, o que é isso? E ele diz: uma carroça. E ele pergunta: as rodas são a carroça? O eixo é a carroça? O estrado é a carroça? Nada é a carroça, mas tudo junto composto daquela maneira é a carroça, então onde existe a carroça se nada que está ali é a carroça? Os carros nossos ali fora, o ferro, os bancos são os carros? O motor é o carro? O aço, a borracha etc... O carro existe como uma organização da nossa mente. A casa também, nada é a casa em si, são só pedaços que juntos numa determinada forma nós olhamos e dizemos é...na verdade, não tem raiz. Todos os dharmas são sem raiz, mas quem são vocês? Dharmas. Vocês são fenômenos. Todos nós somos fenômenos. Onde está nossa raiz? Na vacuidade? No vazio? Então não tem raiz. Então quando perguntamos quem sou eu? Temos que considerar este aspecto. Eu sou fenômeno, eu sou dharma, não tenho raiz. Como, se minha raiz é na vacuidade, como eu posso desaparecer? Como eu verdadeiro, a minha verdadeira natureza pode desaparecer porque aquilo que eu penso, sou eu, é como carro, pedaços reunidos, fenômeno, mas na verdade eu mesmo sou vacuidade, manifestação na vacuidade, não é? Por isso o Cipreste no Jardim é uma Árvore sem Raiz. Então todos os dharmas são sem self. Em outras palavras todos os dharmas nada são se não a Árvore sem Raiz. Todos os dharmas não possuem self, não possuem existência intrínseca. São todos pedaços funcionando, somos nós ali sentados no zazen. Vejam que o que nós pensamos que somos nós, são só pensamentos se sucedendo em nossas mentes e porque os pensamentos se sucedem na nossa mente nós dizemos eu existo. Quando não há pensamento em funcionamento ou atividade mental, pergunto para vocês: onde estão vocês? Quando não há atividade mental, quando não há pensamento, quem existe? Se nós penetrarmos estas coisas e respondermos verdadeiramente, nos libertamos, mas o ensinamento disso parece confuso, paradoxal e sem sentido porque é muito profundo.

domingo, 3 de junho de 2007

Cerimônia dos preceitos

Saikawa Roshi ministra a cerimônia dos preceitos. Mosteiro de Ibiraçu. Foto Seigen.

Samyutta Nikaya XXXVIII.1 Nibbanapañha Sutta

Certa ocasião, o Venerável Sariputta estava em Magadha, em Nalakagama. Então, o errante Jambukhadaka [1] foi até o Venerável Sariputta e ambos se cumprimentaram. Quando a conversa cortês e amigável havia terminado, ele sentou a um lado e disse para o Venerável Sariputta:

“Amigo Sariputta, dizem, ‘Nibbana, Nibbana.’ O que é Nibbana ?”
“A destruição da cobiça, a destruição da raiva, a destruição da delusão; isso, amigo, é chamado de Nibbana.”
“Mas, amigo, há um caminho, há um meio para alcançar esse Nibbana?”
“Há um caminho, amigo, há um meio para alcançar esse Nibbana.”
“E qual, amigo, é esse caminho, qual é esse meio para alcançar esse Nibbana?”
“Amigo, é o Nobre Caminho Óctuplo; isto é, entendimento correto, pensamento correto, linguagem correta, ação correta, meio de vida correto, esforço correto, atenção plena correta, concentração correta. Esse é o caminho, amigo, esse é o meio para alcançar esse Nibbana.”
“Excelente é o caminho, amigo, excelente é o meio para alcançar esse Nibbana. E isso é o suficiente, amigo Sariputta, para a diligência.”

De: acessoaoinsight

sexta-feira, 1 de junho de 2007

Linhagem e zen

Seria possível progredir na prática sozinho ou em um grupo que não possui vínculo com mestres e professores regulares do zen? A resposta é um grande não. Pode-se andar um pouco, mas a prática estaciona em um dos numerosos obstáculos que só um orientador experiente pode indicar. Mesmo aparentes estados serenos são uma possível prisão permanente, um quietismo inútil para a realização espiritual.
Por esta e outras razões não devemos ficar desconectados da linhagem dos mestres e patriarcas. É preciso estar vinculado à instituição e à orientação. Os que criticam as instituições olvidam que sem elas os ensinamentos teriam sido perdidos. E que sem linhagem todos os que tentaram caminhos independentes desapareceram na história. Clubes de meditação, sem raízes nos patriarcas, falecem como plantas raquíticas, perdidos muitas vezes em disputas internas por poder e liderança.