quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Eu quero, eu não quero


O sofrimento é causado pela ignorância.
Ignorância é a ilusão do "eu".
A ilusão do eu é alimentada pelo desejo de que as coisas sejam diferentes do que são nesse exato momento.

A raiva ocorre quando algo não é como eu quero.
A cobiça ocorre quando eu quero algo que não tenho.

"Isso eu quero", "isso eu não quero", essas são as origens do sofrimento.

Zazen é a imediata cessação do sofrimento e das causas do sofrimento.
"Deixe vir, deixe ir", essa é a regra do Zazen. Deixar ser tal como é.

Buddha é aquele que é tal como é. Zazen é a prática de Buddha.
Sentando sem nada querer e sem nada buscar, experimenta-se pela primeira vez o gosto da liberdade.

Cada coisa tem seu lugar no contexto de todas as coisas.
Querer algo diferente daquilo que é nesse exato momento é criar a ilusão do eu, desequilibrar o que estava equilibrado, a origem do sofrimento.
Ser tal como é nesse exato momento é estar no lugar correto no contexto de todas as coisas. É unir-se com todas as coisas.

Postado por João Jōken

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Minha Promessa


"Minha Promessa"
(Sensei Jiyo Agacki)


Sempre refleti sobre o nascimento e a morte. Aqueles mistérios a partir dos quais se desenvolvem inteiros movimentos religiosos... para explicar, para tentar entender.

Ainda penso sobre tais eventos que nos trazem para a vida, que põem um fim nela. Observei-os se aproximarem muitas vezes desde que me tornei consciente deles. O nascimento é sempre visto como uma alegria… a morte como um pesar.

Mas parece a mim, à medida que ando nessas misteriosas sombras, segurando as mãos desta figura indistinta que sempre parece estar lá: para ver através... parece-me que de certa forma entendemos as coisas um pouco erroneamente.

Os cristãos captaram um aspecto da morte quando disseram que ela é uma ocasião de ALEGRIA, afinal de contas, os mortos vão ao encontro dos braços acolhedores de Jesus, e ele tomará conta deles até chegarmos lá. Claro, SOMENTE se você se lembrar de viver de uma maneira CRISTÃ. Isso confere uma amortecida na ideia, no entanto.

Ainda assim, há tanto para se entristecer. Há uma loucura do partir, o pensamento de um amor que nunca voltará, que nos envolve... que nos consome. Alguns são devorados, submergem nisso, e nunca retornam de sua tristeza. Mesma se a morte chega rapidamente, cedo demais, isso não deveria ser assim. Que possamos nos entristecer com a retirada, carregar a tristeza de nosso amor conosco para sempre... isso é importante. Isso é AMOR, e o amor somente morre quando o matamos. Soa difícil para mim dizer isso, mas é VERDADE. Não deveria fazer isso. Mas possamos também sorrir, até rir, sabendo aquilo que eles nos deram, e que, verdadeiramente, suas vidas significaram algo, nos tocaram de uma forma que nos aqueceu por tê-los conhecido.

E que a alegria sempre esteja presente no nascimento. A alegria na novidade dele, em sua esperança. Mas que a tristeza sempre esteja presente também. Uma tristeza no reconhecimento desta pequena criança que terá dores e pesares que você não será capaz de fazer nada a respeito, por mais que tente. Que a cada novo nascimento neste mundo possamos fazer uma promessa solene, uma promessa que sua chegada nesta vida significará algo, que estaremos lá para ajudá-los o melhor que pudermos.

Sempre digo que todos os filhos são meus filhos.
Digo isso sinceramente.
E todas as mortes são minha morte.
Digo isso sinceramente, também.
Cada momento: eu choro, e sorrio, apenas por eles."

(Copiado da lista Nalanda do Prof. Ricardo Sasaki)

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Sensei Jiyo Agacki
A UU for over 2 decades, Sensei Jiyo (Andy) Agacki has been a practicing Buddhist as well for more than 16 of those years. An annual Pulpit guest, both in the regular church year, or during the Summer, Andy has also conducted Adult RE classes in Buddhist Thought, and talked to RE Youth about Buddhism. On May 25th, 2008 he was Inducted as a Buddhist Lay Minister, after completing 2 years training under the Rev. Koyo Kubose and the Bright Dawn Institute for American Buddhism. Currently President (first) of the international Bright Dawn Lay Minister's Association, The Trailblazers. Jiyo is Andy's given Dharma Name.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Zuise - Isshin Sensei



Texto de Isshin Sensei em seu blog

Qual o significado de Zuise?

Nyoi - cetro de oficiante, Sojiji
No caso de já ter completado o seu treinamento em mosteiro oficial, ao receber a Transmissão de Darma, o monge, agora na graduação de Rikishô, pode marcar as datas para se apresentar nos dois templos-sede da escola (Eiheiji e Sôjiji) para a realização de uma série de formalidades chamada Zuise (瑞世). Os caracteres chineses desta palavra atualmente significam “auspicioso” (zui) e “o mundo” (se), mas aparentemente esta palavra significava, antigamente, “receber promoção” ou “tomar um passo na carreira”.

Estas formalidades representam a oportunidade do monge recém-formado prestar homenagem e gratidão aos fundadores da nossa escola, Mestre Dogen (fundador do templo-mosteiro Eiheiji) e Mestre Keizan (fundador do templo-mosteiro Sôjiji).

Passa a possuir, agora, a graduação monástica de Oshô (和尚). O ato de oficiar cerimônias de recitação de sutras no papel de “abade por uma noite”, como parte das formalidades de Zuise em cada um dos dois templos-sede, Eiheiji (fundado pelo Mestre Dogen) e Sôjiji (fundado pelo Mestre Keizan), também demonstra simbolicamente que o novo Oshô recebeu a autorização necessária para se tornar abade (Jûshoku 住職, Monge Titular) de um templo oficialmente reconhecido.

Recebe, ao mesmo tempo, autorização oficial como Professor de Darma (Sensei), com o seu nível de graduação como professor dependendo do seu tempo de prática em mosteiro de treinamento oficialmente reconhecido. Está habilitado a transmitir os preceitos para leigos (Zaike Tokudo ou Jukai) e ordenar novos monges (Shukke Tokudo), bem como realizar todas as outras funções de um sacerdote, como oficiar casamentos, batizados, benções em geral, enterros, e outras cerimônias religiosas.

Na chegada ao templo-sede, na data marcada, é recebido por um atendente e convidado a usar chinelos vermelhos especiais de abade. Depois de tomar chá, recebe ensinamento sobre os procedimentos específicos do templo, uma vez que há detalhes na forma de oficiar cerimônias que são diferentes de um templo para outro. Terminado este ensaio, que pode levar três horas, recebe um jantar finíssimo, toma banho de o-furô (banheira japonesa) e dorme.

Levanta cedo no dia seguinte, às 03:30 hs e faz o início do zazen no “gaitan” (lado de fora do zendô) próximo à entrada do abade. Mas logo é chamado para o início das formalidades de Zuise.

Vai primeiro prestar homenagem ao fundador e primeiros abades do templo. Para isto, entra, talvez pela única vez na vida, numa área reservada, fechada, que fica atrás do altar da Sala dos Fundadores. Oferece incenso e faz uma série de prostrações.

Em seguida, vai para a sala de recepção do abade do templo-sede (Zenji), onde se encontra com um grupo de seis ou oito monges formados que tomarão parte do “ryôban”(as duas fileiras de monges na área cerimonial principal) para as cerimônias a seguir. Depois de fazer prostrações, ouve a leitura do certificado de Zuise e o recebe das mãos do Abade do templo-sede ou seu representante. Assim que o Abade saia da sala, recebe o chá honorário – primeiro é servida água doce com umeboshi (ameixa em conserva). Em seguida é servido um doce – mas em lugar de comer o doce agora, coloca-se o certificado que acabou de receber em cima do doce e o devolve. Imagino (mas não sei ao certo) que talvez este doce, com o certificado, vai para o altar durante as recitações de sutras que fazem parte das formalidades de Zuise. Termina esta etapa das formalidades com chá verde.


Hossu - cetro de oficiante, Eiheiji
Nesta hora, o atendente traz o “nyoi” (払子, no Sojiji) ou o “hossu” (払子, no Eiheiji), cetros cerimoniais de oficiante. Acompanhado pelo grupo de monges do “ryôban”, vai agora oficiar duas cerimônias de recitação de sutras. A primeira (Zuise Shukutô) é a recitação do Maka Hannya Haramitta Shingyô (Sutra do Coração da Grande Sabedoria) na Sala de Buda e a segunda (Zuise Jôgu) é a recitação do Daihishin Darani (Mantra da Grande Mente de Compaixão) na Sala dos Fundadores.

Não há palavras para descrever a emoção deste momento – oficiando a cerimônia num templo-sede da escola, ouvindo o som da recitação pelas vozes dos aproximadamente 200 monges-em-treinamento e professores do templo-sede. E a plena atenção, mesmo com lágrimas de emoção nos olhos, no esforço de lembrar os “timings” das prostrações e ofertas de incenso e para acertar os detalhes dos movimentos, tais como aproximar-se ao altar e, ao afastar-se do altar lembrar-se de virar em direção horário (no Eiheiji) ou em sentido anti-horário (Sojiji). E o cuidado com a maneira de segurar o “nyoi” (Sojiji) ou de segurar e movimentar o “hossu” (Eiheiji) (os “cetros” de oficiante).

Terminadas as duas cerimônias, o novo “Oshô” retorna à sala de recepção. Depois de devolver o “nyoi” ou “hossu” ao atendente, recebe os parabéns dos monges que tomaram parte como “ryôban” – e os responde agradecendo a colaboração de todos nas cerimônias. Todos se reverenciem mutuamente com prostrações.

Depois de um momento para a fotografia oficial (se esta foi encomendada), há um encontro com o “Kannin” (Administrador Chefe) do mosteiro (ou seu representante) para um chá e pequeno bate-papo.

Por fim, recebe um café de manhã “espectacular” – com uma quantidade de comida impossível de se comer… .

Termina as formalidades com uma pequena cerimonial de agradecimento e despedida do atendente (zuian) e assistente do atendente (zuiji) que o cuidaram durante todo este processo. Acabaram-se as formalidades – são oito horas da manhã, mais ou menos. Foi um dia muito cheio… .

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Arahant e Buddha


P: Qual a diferença entre os termos Arahant e Buddha?

O Prof. Ricardo Sasaki, respondeu na lista Shin:

R: Esta é uma questão bem complexa pois tem a ver com as mudanças de significado que certas palavras sofreram no decorrer da história buddhista. Originariamente Arahant e Buddha eram dois estados bem próximos, todo Buddha é um Arahant (Roberto, o Buddha não era um Arahant "antes" de se tornar Buddha), enquanto que nem todos os Arahants são Buddhas. Mas a diferença originariamente era apenas de que o Buddha é aquele que "abria" o caminho da Iluminação, e os Arahants era aqueles que, utilizando do ensinamento (caminho) mostrado pelo Buddha, atingiam o mesmo nível de libertação.

Com o tempo os dois termos foram se tornando mais distantes, a palavra Buddha foi sendo mais e mais exaltada e distante do estado de Arahant. Isso chegou num ponto em que a palavra Arahant sofreu uma modificação, significando não mais a libertação completa (tal como aparece definida nas escrituras antigas) mas uma libertação parcial, apenas de kleshas da cobiça e da raiva, mas não do klesha da ingnorância. Então uma vez atingido o estado de Arahant, haveria mais ainda a se fazer até atingir o estado de Buddha, algo que não tem sentido na estrutura doutrinária e hermenêutica dos ensinamentos antigos.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Em que se concentrar


P: No zazen devo me concentrar em que?

R: No zazen não se concentre na respiração nem em coisa alguma, deixe que esta torne-se natural, conserve os olhos abertos para ficar presente a este lugar e momento, fechados é mais fácil deixar-se levar por fantasias. Não observe nada, quando há um observador existe alguem aqui e um objeto de observação, portanto um eu que se sente separado , fique no momento sendo um com todas as coisas.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Dinheiro


Dom Timóteo

P: Como lidar com dinheiro?

R: Creio que criamos freqüentemente uma visão ascética a respeito do dinheiro. Na verdade os mestres não têm idéias desse tipo. O dinheiro é um meio hábil como qualquer outro, serve para agir no mundo.

É bom que que seja assim. O sistema de trocas, o escambo, é muito ineficiente. Os mestres que conheci têm facilidade em receber grandes quantias e lidar com elas, construindo. Quando não tinham dinheiro, eles simplesmente jejuavam alegremente...Aceite o dinheiro com esta alegria e descompromisso.

Vi Dom Timóteo (Abade Beneditino em Salvador, falecido em 1994) comentar o quanto D. Bernardo, o monge administrador, o havia ajudado com sua visão clara da mecânica do mundo, é tudo a mesma coisa: não existe sagrado nem profano; essas divisões estão apenas em nossa mente.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Budismo e ideologia


P: Os budistas seguem alguma ideologia? O budismo deve se engajar em lutas políticas?

R: Aconteceram muitas vezes ligações com o poder político, mas invariavelmente redundaram em decadência do Dharma. Concordo que os budistas, como indivíduos, devem tentar ser ativos, mas o Budismo como religião não o deve ser.

Um fato que marcou a história japonesa foi o que sucedeu com o Rinzai, que se tornou ligado ao império e a corte. Um mestre Rinzai, de dentro da carruagem imperial, apontou a seu discípulo em direção os monges camponeses da Soto, trabalhando no campo:

- Veja, em algumas gerações eles terão crescido e
nosso poder e orgulho se esvairá.

Aquela humildade tinha mais força que as ligações políticas que o Rinzai havia estabelecido, a predição se confirmou. Mais tarde a riqueza, a hereditariedade e conforto dos monges Soto se tornou motivo, por sua vez, para seu enfraquecimento.

Concordo com você que os budistas devem se esforçar para diminuir o sofrimento e, naturalmente, usarão as doutrinas e ideologias que acreditarem válidas. Infelizmente nenhuma delas, até hoje, sobreviveu muito tempo. As diferentes utopias vão tropeçando pela história.

Assim devem agir civilmente como pensam certo, um marxista crendo na centralização das decisões, outro liberal acreditando na liberdade mais ampla possível, o socialista crendo na intervenção estatal, e assim por diante. O que não se deve fazer é misturar o Dharma com as doutrinas políticas, usando este para atacar a globalização e a tecnologia, ou opostamente preconizar um mundo unificado e conectado.

Em qualquer hipótese, a associação fará do Dharma instrumento político de propaganda, o que diminui sua universalidade e a isenção de suas propostas.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Primeiro Zazen


"Sou uma pessoa muito ansiosa e impaciente, por isso pensei que quando fosse me sentar para a prática teria que me segurar para ficar quieta e não contar o tempo. E isso não aconteceu, pelo contrário quando terminei os quarenta minutos jurava que tinham passado no máximo vinte!
Costumo sentar e fazer rápidas meditações e visualizações sozinha, por isso quando ouvi a monja dizer “deixe os seus pensamentos irem e virem” eu já tinha idéia de como seria. É comum ter algumas visões enquanto medito, mas o que mais gostei e me deixou impressionada foi o fato de que, em determinado momento, a sensação do meu corpo mudou completamente. Geralmente quando sento de pernas cruzadas, em alguns minutos começa um formigamento e logo a perna dorme, mas para a minha surpresa isso não acontecia e eu achava curioso... em certo momento eu comecei a não sentir o meu corpo, era uma sensação estranha porque em partes eu não sabia onde terminavam ou começavam braços, pernas, dedos, no entanto eu tinha noção da extensão deles... eu sentia uma sensação estranha como se o meu corpo estivesse ao contrário, por vezes virado como se os membros estivessem trocados de lugar, outras como se as costas estivessem na frente e vice-versa... em si, eu tinha noção do meu corpo e dos membros separadamente, mas ao mesmo tempo (mesmo soando paradoxal) eu sentia o meu corpo fundido, membros todos unos e na base, eu sentia uma imobilidade incrível, como se a parte inferior do meu corpo fosse uma raiz.
... "
Do blog Zen Planalto

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Carma e justiça


Resposta numero 25 no site www.daissen.org.br secção perguntas, opção reencarnação/renascimento.


P: Não há um carma individual para anular? Se nada do indivíduo, nenhuma memória no cerne do ser se perpetua, então que diferença faz ser assassino ou não? Então tudo depende do desenvolvimento de uma consciência social, ou compreensão da lei universal do carma? Assim, um individuo com impulsos egoístas e violentos poderia matar, roubar, trapacear, etc. sem medo e sem conseqüências?

R:Parece evidente que apesar de não haver individualidade que se perpetue, o sofrimento causado por um mau ato voltará. Mesmo que não saibas quem foi teu antecessor no universo, a sutil onda que ocasionou tua manifestação atual, estás vivendo suas consequências. É como se tivesses quando criança de dois anos feito algo errado e perdido um dedo, não adianta dizer que não te lembras, que eras pequeno, inocente, o que quiseres, o dedo estará faltando. O criminoso pode dizer que sabe que o carma continuará, mas que "ele" não estará mais aqui, o que ocorre é que o "ele" é que é ilusão, a onda cármica não, e um outro "ele" que É E NÃO É ELE MESMO, estará vivendo os frutos daquelas ações.(Assim como quando adulto não és mais aquela criança). Isto quer dizer que há grande continuidade individual de carma, (mas não de eu) , menor de grupo social, menor de país, menor da humanidade, e assim sucessivamente, diminuindo a medida que se amplia o círculo, mas o mais importante é a onda que eras anteriormente a esta.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

ZAZENKAI DE FIM DE ANO


ZAZENKAI DE FIM DE ANO
SÁBADO (17/12)
A Comunidade Zen Budista de Florianópolis convida à todos para o "Zazenkai de Fim de Ano" que será realizado na sede de sua comunidade em Florianópolis, no dia 17 de dezembro (próximo sábado).
O Zazenkai é um retiro curto e está aberto a todas as pessoas, inclusive iniciantes. Zazenkai literalmente quer dizer "vir junto para meditação". É uma reunião de praticantes leigos, aberto à todos. Neste zazenkai de confraternização, teremos um "SAMU" para organizar a sede da comunidade.

O almoço será comunitário, tragam algo saudável para compartilhar. Cada um deve contribuir com um prato doce e/ou salgado (vegetariano), além de suco natural.

Data: 17/12

Horário: 08hs às 17:30hs

Local: Sede da Comunidade - Praça Getúlio Vargas, 126 centro Florianópolis.

Inscrições e informações com Rosana (48) 8824.1022 ou rosana@daissen.org.br

Apoio: Daissen Restaurante Vegetariano
Comunidade Zen Budista de Florianópolis
www.daissen.org.br

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Baruch Spinoza


Este é o Deus ou Natureza de Espinoza:

Se Deus tivesse falado:

“Pára de ficar rezando e batendo o peito! O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes de tua vida. Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que Eu fiz para ti.
Pára de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa.
Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde Eu vivo e aí expresso meu amor por ti.
Pára de me culpar da tua vida miserável: Eu nunca te disse que há algo mau em ti ou que eras um pecador, ou que tua sexualidade fosse algo mau.
O sexo é um presente que Eu te dei e com o qual podes expressar teu amor, teu êxtase, tua alegria. Assim, não me culpes por tudo o que te fizeram crer.
Pára de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo. Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos, nos olhos de teu filhinho... Não me encontrarás em nenhum livro!
Confia em mim e deixa de me pedir. Tu vais me dizer como fazer meu trabalho?
Pára de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo. Eu sou puro amor.
Pára de me pedir perdão. Não há nada a perdoar. Se Eu te fiz... Eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio. Como posso te culpar se respondes a algo que eu pus em ti? Como posso te castigar por seres como és, se Eu sou quem te fez? Crês que eu poderia criar um lugar para queimar a todos meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade? Que tipo de Deus pode fazer isso?
Esquece qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei; essas são artimanhas para te manipular, para te controlar, que só geram culpa em ti. Respeita teu próximo e não faças o que não queiras para ti. A única coisa que te peço é que prestes atenção a tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia.
Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso. Esta vida é o único que há aqui e agora, e o único que precisas.
Eu te fiz absolutamente livre. Não há prêmios nem castigos. Não há pecados nem virtudes. Ninguém leva um placar. Ninguém leva um registro.
Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno.
Não te poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso te dar um conselho. Vive como se não o houvesse. Como se esta fosse tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir. Assim, se não há nada, terás aproveitado da oportunidade que te dei.
E se houver, tem certeza que Eu não vou te perguntar se foste comportado ou não. Eu vou te perguntar se tu gostaste, se te divertiste... Do que mais gostaste? O que aprendeste?
Pára de crer em mim - crer é supor, adivinhar, imaginar. Eu não quero que acredites em mim. Quero que me sintas em ti. Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho no mar.
Pára de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que Eu seja?
Me aborrece que me louvem. Me cansa que agradeçam. Tu te sentes grato? Demonstra-o cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo. Te sentes olhado, surpreendido?... Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me louvar.
Pára de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim. A única certeza é que tu estás aqui, que estás vivo, e que este mundo está cheio de maravilhas. Para que precisas de mais milagres? Para que tantas explicações?
Não me procures fora! Não me acharás. Procura-me dentro... aí é que estou, batendo em ti.”
Baruch Spinoza.
Postado por Rev. Wagner

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

O eu diferente a cada vida


Noviços abraçados após ordenação, o zen brasileiro em Florianópolis.

P: Se Buddha lembrou-se de vidas passadas isto significa que era a mesma pessoa nestas vidas?

R: Um ser iluminado completamente desenvolve acesso a alaya vijnana, a consciência depósito de todo o universo, onde tudo permanece, o fato de a cada vida termos um novo eu não quer dizer que não haja continuidade de nosso carma, somos nós mesmos de certa forma, os mesmos impulsos, o mesmo tipo de mente, somente o eu a cada vez é que é outra ilusão momentânea, uma construção diferente a cada vida, elaborado com memórias e experiências.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Como não se decepcionar ?


P: Como funciona a relação mestre discípulo no budismo? Como não se decepcionar com as possíveis falhas de um mestre humano como cada um de nós?

R: Sua pergunta é sobre como funciona o budismo. Na verdade o aluno deve escolher cuidadosamente o professor com quem tem conexão, isto não significa nenhum envolvimento maior do que uma relação de ensino, portanto não se devem alimentar expectativas superiores que levem a um sentimento de injustiça, se aconteceu isto é porque houve expectativa, só ela pode levar a desilusão, pois a desilusão é justamente a falta de acontecer o que se espera e portanto daquilo com que nos iludimos.
Assim o budismo não tem um funcionamento neste sentido e sim a relação mestre aluno é uma escolha particular sujeita a todo tipo de evento. Veja que os mestres do passado peregrinavam para procurar quem lhes merecesse confiança, esta é mesmo a história de Dogen, que foi procurar ensino na China e depois de muitas peripécias encontrou seu mestre Tendo Nyojo.
Espero que você possa praticar com denodo e manter sua mente livre das ilusões. Se houver merecimento encontrará ao fim um mestre. Um ditado antigo diz " more dois vales distante de seu mestre" o que quer dizer mantenha-se tão distante que sua mente não crie expectativas sobre ele.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Visita em Março



Dai-En Bennage Roshi, uma importante professora nos EUA, vice abadessa no angô de Yokoji, onde estive, está agendando uma visita à nossa Sangha no início de março de 2012, com a anuência de Saikawa Roshi. Estamos planejando aproveitar sua estada de alguns dias para começar o ano de 2012 com os melhores impulsos.
Na foto sua última estada no Japão após o tsunami, sua visita ao local é descrita aqui: http://juneinjapan.wordpress.com/2011/11/07/dai-en-in-japan/

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Inconformidade


P: O personagem fugiu,não enfrentou os problemas colocados. Este tipo de atitude vem de encontro aos preceitos budistas?

R: Sim, vai de encontro, se opõe, mas nestas histórias sempre devemos levar em conta que ainda não havia iluminação, assim quando Buda saiu de casa ainda não era Buda , era Sidharta. Isto mostra sua inconformidade não seu despertar.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Querer ou não querer



O sofrimento é causado pela ignorância.
Ignorância é a ilusão do "eu".
A ilusão do eu é alimentada pelo desejo de que as coisas sejam diferentes do que são nesse exato momento.

A raiva ocorre quando algo não é como eu quero.
A cobiça ocorre quando eu quero algo que não tenho.

"Isso eu quero", "isso eu não quero", essas são as origens do sofrimento.

Zazen é a imediata cessação do sofrimento e das causas do sofrimento.
"Deixe vir, deixe ir", essa é a regra do Zazen. Deixar ser tal como é.

Buddha é aquele que é tal como é. Zazen é a prática de Buddha.
Sentando sem nada querer e sem nada buscar, experimenta-se pela primeira vez o gosto da liberdade.

Cada coisa tem seu lugar no contexto de todas as coisas.
Querer algo diferente daquilo que é nesse exato momento é criar a ilusão do eu, desequilibrar o que estava equilibrado, a origem do sofrimento.
Ser tal como é nesse exato momento é estar no lugar correto no contexto de todas as coisas. É unir-se com todas as coisas.

Jouken San
Blog Tentando não fugir

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Tudo está na mente


Nyoshul Khen Rinpoche (Tibete, 1932 – França, 1999):
Todos os pensamentos, sentimentos, emoções, percepções, sensações, estados da mente, conceitos e tudo mais são como nuvens no céu, momentaneamente se reunindo e depois dispersando, se dissolvendo de volta exatamente nesse mesmo espaço. Que bem pode haver em se apegar a isso? Que bem pode haver em tentar se afastar disso?
Tudo é a exibição ilusória, milagrosa, como um sonho, da própria mente de alguém. Não há nada especial a se fazer sobre isso, exceto reconhecer sua natureza verdadeira, sua vacuidade, e ser livre dentro do que quer que pareça surgir.
Não é necessário julgar experiências e pensamentos como bons ou ruins, como desejáveis ou indesejáveis, proveitosos ou improveitosos. Deixe apenas ir e vir do modo como é, sem se envolver demais, sem se identificar com nada, nem cedendo nem seguindo, nem suprimindo nem inibindo. Simplesmente deixe todas as coisas internas e externas aparecerem e desaparecerem à sua própria maneira, apenas como nuvens no céu, e permaneça acima e além disso tudo, mesmo no meio das atividades e responsabilidades diárias.
Há tantas coisas para se fazer neste mundo, mas há apenas uma coisa que uma pessoa precisa conhecer, e isso é a sua própria natureza. Esse é o medicamento universal, a panaceia que cura todos os males e doenças. O que quer que vem, também vai. A própria natureza, o ser fundamental de alguém, está além — não se afeta pelas manchas que surgem ou por fenômenos temporários. Não vem nem vai: permanece imutável. Ao reconhecer isso, a transcendência inata é vivenciada. Então, samsara e nirvana não significam nem esperança nem medo para o praticante; a dualidade não mais prevalece. Não há nada a esperar, nenhuma queda a temer.
Como Guru Rinpoche, Tilopa e Naropa, e o Mahasidda Saraha disseram: “Com objetos externos, não se preocupe. Como objetos internos (o próprio sujeito), não se preocupe. Sem olhar para fora ou dentro, deixe como é: vazio, livre e aberto. Não são os objetos externos que nos prendem, mas sim o apego interno que nos amarra.”
Essa é a instrução essencial dos mahasiddas da India e dos yogues realizados do Tibet. Ela é baseada nas palavras do próprio Buda Shakyamuni, que disse que a raiz de todo sofrimento é se agarrar, se apegar. Não há outro ensinamento além deste. Isso é a raiz de tudo. Esse é o princípio por trás de todas as diferentes explicações.
A sensualidade não está nos objetos, está na mente que deseja, no próprio desejo. O desejo preenche os objetos com a qualidade de serem desejáveis, com sensualidade e valor. De outro modo, o que é desejável de modo absoluto? Tudo depende da mente, do próprio condicionamento da pessoa; o que uma pessoa deseja e aspira, a outra pode repudiar e evitar a todo custo. Não é óbvio isso?
“Natural Great Perfection”, cap. 7

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Não cometa tal erro


Dilgo Khyentse Rinpoche (Tibete, 1910 – Butão, 1991)
Um explorador que descobre uma ilha de tesouros pode encher seu navio de ouro, diamantes, safiras, rubis e esmeraldas. Mas sua boa fortuna nem se compara com a vida humana, que nos oferece algo muito mais precioso que qualquer ouro ou pedras preciosas — a chance de refletir e praticar o Dharma, dando sentido a nossas vidas. [...]
É agora, enquanto você desfruta de todas as condições favoráveis da vida humana, que você tem a liberdade necessária para praticar o Dharma. Ignorar tal oportunidade seria como um mendigo que pega uma jóia e, tomando-a como um pedaço de vidro, joga-a de volta na sujeira.
Pior ainda seria realmente compreender o valor da vida humana e desperdiçá-la conscientemente em distrações e a perseguição de ambições mundanas — essa é a epítome da ilusão. O explorador que retorna da ilha de tesouros de mãos vazias teria cruzado os oceanos em vão. Não cometa tal erro.
“The Hundred Verses of Advice”, v. 78
(Os Cem Conselhos de Padampa Sangye)

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

O Vazio


"Conclusão do “Sutra do coração”: Os cinco agregados são os cinco fatores que compõe o corpo e a mente humanos. Expresso de uma forma mais detalhada significa que “a forma é o vazio”. O “vazio” significa que não existe um centro ou uma substância imperecível e é também expresso como a “impermanência’ ou a “ausência de características”. Nossa realidade atual é vazia. Ou seja: o vazio é a prova da emancipação. "
Saikawa Roshi

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Versos sobre a Fé na Mente


Hsin Hsin Ming – Versos sobre a Fé na Mente
escrito por Jianzhi Sengcan (Kanchi Sôsan Daioshô)
3º ancestral da linhagem chinesa

O Grande Caminho não é difícil
Para aqueles que não têm preferências.
Quando o amor e o ódio estão ambos ausentes
Tudo se torna claro e sincero.

Fazendo-se a menor distinção entretanto
O céu e a terra são colocados infinitamente distantes.
Se queres ver a verdade,
Então não tenha opiniões a favor ou contra coisa alguma.
Quando o profundo significado das coisas não é compreendido
A essencial paz da mente é perturbada inutilmente.

O Caminho é perfeito como o vasto espaço
Onde nada falta e nada está em excesso.
Na verdade, é devido à nossa opção em aceitar ou rejeitar
Que não vemos a verdadeira natureza das coisas.

Não vivas enredado pelas coisas externas,
Nem preso às sensações interiores de vazio.
Seja sereno na unidade de todas as coisas
E tais idéias errôneas irão desaparecer por si mesmas.

Quando tentas parar a atividade para alcançar a passividade,
O teu próprio esforço irá te devolver à atividade.
Enquanto permaneceres num extremo ou no outro
Nunca conhecerás a Unidade.

Aqueles que não vivem no Caminho Único
Falham tanto na atividade quanto na passividade,
Tanto na afirmação quanto na negação.

Negar a realidade das coisas é perder sua realidade.
Afirmar o vazio das coisas é perder sua realidade.
Quanto mais falares e pensares sobre isso,
Mais te desviarás para longe da verdade.
Pare de falar e de pensar,
E nada haverá que não possas conhecer.

Retornar à raiz é encontrar o significado,
Mas perseguir as aparências é perder a fonte.
No momento da iluminação interior
Há um caminho além da aparência e do vazio.

Às mudanças que parecem ocorrer no mundo vazio
Chamamos de reais somente porque somos ignorantes.
Não busques a verdade;
Apenas deixe de acalentar opiniões.

Não permaneças no estado dualístico;
Evite cuidadosamente tais investidas.
Se houver, mesmo que seja um traço,
Disto ou daquilo, do certo e do errado,
A essência da Mente se perderá na confusão.
Muito embora todas as dualidades provenham do Um,
Não fiques apegado a este Um.
Quando a mente existe impertubável no caminho,
Nada no mundo pode ofender,
E quando uma coisa não pode mais ofender,
Ela cessa de existir no velho modo.

Quando não surgem mais pensamentos discriminatórios,
A velha mente cessa de existir.
Quando os objetos do pensamento desaparecem,
O motivo do pensamento desaparece;
Assim, quando a mente desaparece, os objetos desaparecem

As coisas são objetos devido ao sujeito (mente):
A mente (sujeito) é assim devido às coisas (objeto).
Compreenda a relatividade de ambos
E a realidade básica: a unidade do Vazio.

Neste Vazio os dois são indistinguíveis
E cada um contém em si mesmo todo o mundo.
Se não discriminares o áspero do fino
Não serás tentado ao preconceito e à opinião.

Viver no Grande Caminho não é fácil nem difícil,
Mas aqueles com visões limitadas são temerosos e irresolutos;
Quanto mais se apressam, mais devagar eles vão,
E o apego não pode ser limitado;
Mesmo o apego à idéia de iluminação é andar sem rumo.

Deixe que as coisas sigam o seu próprio caminho
E não haverá mais o vir ou o ir.
Obedeça à natureza das coisas (tua própria natureza),
E caminharás livremente sem seres perturbado.

Quando o pensamento está escravizado, a verdade está oculta,
Pois tudo é indistinto e nada está claro
E a cansativa prática de julgar traz aborrecimento e cansaço.
Que benefício pode nos trazer a distinção e a separação?

Se queres te movimentar no Caminho Único
Não desgostes nem mesmo do mundo dos sentidos e das idéias.
Na verdade, aceitá-lo plenamente
É identificar-se com a verdadeira Iluminação.
O homem sábio não se esforça para alcançar qualquer meta,
Mas o homem tolo é escravo e ele mesmo se escraviza.

Há somente um darma, uma verdade, uma lei e não muitas.
As distinções surgem das aferradas necessidades do ignorante.
Buscar a Mente com a mente que discrimina é o maior de todos os erros.

O repouso e a intranquilidade derivam da ilusão;
Com a Iluminação não há o gostar e o desgostar.
Todas as dualidades surgem da dedução ignorante.
Elas são como sonhos ou flores no ar,
É tolice tentar capturá-las
O ganho e a perda, o certo e o errado:
Tais pensamentos têm que ser abolidos completamente.

Se o olho nunca dorme, todos os sonhos naturalmente cessarão.
Se a mente não fizer qualquer discriminação,
As dez mil coisas são o que elas são, uma única essência.

Compreender o mistério desta Única Essência
É ser liberado de todas as malhas a que estamos presos.
Quando todas as coisas são vistas igualmente
Alcançamos a atemporal Auto-essência.
Não são mais possíveis comparações ou analogias
Neste estado em que não há nem causas nem relações.

Considere o movimento estacionário e o estacionário em movimento
E ambos, o movimento e o repouso, desaparecerão.
Quando tais dualidades deixam de existir
A Unidade em si mesma não pode existir.
A esta finalidade última, nenhuma lei ou descrição pode ser aplicada.

Para a mente unificada de acordo com o Caminho
Cessam todos os esforços autocentrados.
As dúvidas e irresoluções desaparecem
E a vida na verdadeira fé é possível.
Com um simples golpe estamos livres da escravidão;
Nada nos prende e nós não nos prendemos à nada.

Tudo é vazio, claro, auto-iluminante,
Sem qualquer esforço do poder da mente.
Aqui o pensamento, o sentimento, o conhecimento e a imaginação
Não têm qualquer valor.
Neste mundo da Essencialidade
Não há nem ser nem outra coisa que seja o não-ser.
Para entrar diretamente em harmonia com esta realidade
Diga simplesmente quando a dúvida surgir: " não dois".
Neste " não dois" nada é separado, nada é excluído.
Não importa quando ou onde,
A Iluminação significa entrar nesta verdade.
E esta verdade está além do aumento ou diminuição no tempo e no espaço;
Num simples pensamento estão dez mil anos.

O Vazio aqui, o Vazio lá,
Mas o universo infinito permanece sempre diante dos teus olhos.
Infinitamente grande e infinitamente pequeno;
Sem diferença, pois a definições desaparecem
E nenhum limite é visto.
Isso também ocorre com o Ser e o não-Ser.
Não perca tempo com dúvidas e argumentos que nada têm que ver com isso.

Uma coisa, todas as coisas;
Movem-se e se mesclam sem distinção.
Viver nesta realização
É não ter ansiedade acerca da não-perfeição
Viver nesta fé é a estrada para a não-dualidade,
Porque o não-dual é uno com a mente confiante.

Palavras!
O Caminho está além da linguagem,
Pois nele não há nem o ontem, nem o amanhã, nem o hoje.

- Tradução para o inglês de Richard B. Clarke
- Tradução para o português de Murillo Nunes de Azevedo