domingo, 30 de setembro de 2007

Caminhada por Myanmar em Florianópolis

Hoje, dia 30 de setembro, os zen budistas de Florianópolis organizaram uma caminhada, com o apoio do Colegiado Buddhista Brasileiro, contra a repressão e mortes de monges e civis em Myanmar, por parte de uma ditadura cruel e violenta já no poder há 40 anos. À comunidade zen budista se reuniram católicos, liderados pelo Padre Giovanni Corso, Bahah'is e budistas tibetanos com suas bandeiras.
Retratos de Aung San Suu Kyi, premio Nobel da Paz, presa pela ditadura há 12 anos foram levados. Uma pequena gota de consciência a mais no movimento mundial pela justiça e fim das ditaduras que se perpetuam no poder levando seus povos à miséria material e espiritual.



sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Caminhada Pacífica em Florianópolis





CAMINHADA PACÍFICA
Em solidariedade aos monges budistas de Myanmar

FLORIPA unida em prol da PAZ!

As Comunidades Budistas ao redor do mundo e em todo o Brasil estão formando uma corrente de não-violência e manifestação pacífica em prol dos monges birmaneses, que estão sofrendo forte repressão por posicionarem-se pacificamente contra as opressões da ditadura em seu país.

Florianópolis não ficará de fora deste movimento! Domingo, 30 de setembro, às 9h da manhã, sairemos da Catedral da Praça XV, centro da cidade, munidos de amor no coração e paz no caminhar, em um evento de solidariedade sem fins lucrativos. Nosso objetivo é reunir a população com cobertura da mídia, somando esforços com as manifestações que ocorrem ao redor do mundo em favor do fim da repressão violenta em Myanmar.

A divulgação desta Caminhada Pacífica está ocorrendo através das listas de e-mail. Passe adiante o convite para que possamos reunir o maior número de pessoas!

Outras manifestações ocorrerão em São Paulo e demais centros brasileiros. Esta é uma iniciativa do Colegiado Buddhista Brasileiro, entidade que reúne as linhagens tradicionais do budismo em nosso país, e das Comunidades Budistas de Florianópolis.

Convidamos todos os representantes das diferentes tradições religiosas e seus seguidores, para que venham compartilhar conosco da sua energia pacífica.

Traga seus amigos e familiares, muito amor no coração e paz no caminhar!

Você pode ajudar divulgando o evento para os mais diversos tipos de mídia, de forma que todos estejam cientes deste acontecimento.

“Temos que ser a transformação que queremos no mundo” – Mahatma Gandhi

Monges birmaneses

São monges como estes, mendicantes da escola Theravada, que nada possuem, que recebem sua comida diariamente da população birmanesa, que estão sendo jogados às centenas na prisão pela ditadura que há 40 anos reduz a Birmânia (Myanmar) a pobreza e violência.



É correto os monges protestarem como na Birmânia?

Sua impressão dos monges zen é correta no ambiente em que estamos, no entanto muitas vêzes me questiono senão estaríamos a cair no quietismo denunciado por Hui Neng no Sutra da Plataforma, a prática é agir no mundo, e em numerosas ocasiões a história budista mostra monges agindo de forma enfática e sendo vítimas da reação que isto provoca. Mesmo Buda intrometeu-se em conflitos e tentou pacificar guerras, sendo às vêzes bem sucedido e em outras fracassando.
Nossa comunidade budista brasileira é pequena demasiado, mas estaria correto que manifestassemos nossa inconformidade com uma administração pública que nos cobra impostos ingleses e nos presta serviços lamentáveis.Mesmo na comunidade dos monges surgem agressões motivadas por inveja e por recusa a aceitar a hierarquia natural provinda do respeito aos mais velhos e mais antigos. É errado isto mas o digo para que não creiamos que as Sanghas são lugares ideais e um dia a vejamos cair do pedestal em que a colocamos.
Se existe o Vinaya, as regras, é porque, desde os tempos de Buda, elas são infringidas por maus monges.Sim, poderiam os monges ser felizes mesmo em suas prisões, em qualquer situação, mas podem eles ignorar a tirania que causa sofrimentos a toda a população que os alimenta? Praticam apenas para si ou para todos os seres? Devem ou não tentar diminuir o sofrimento de seu povo? Sim, este mundo é o mundo da ilusão, porém os homens que sonham , mergulhados em ilusão precisam ser acordados, é o papel dos bodisatvas sacudir seus ombros para que acordem. O sofrimento dos pesadelos é ilusão, mas dizer que ele não é real seria ignorar os gemidos dos neles mergulhados, é esta a razão dos bodisatvas regressarem ao mundo para salvar do sofrimento os que nele acreditam, para acorda-los.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Monges agredidos e presos por soldados

Monges agredidos e presos por soldados
27 de Setembro de 2007 | 08:38

As forças de segurança de Mianmar voltaram a atacar os monges budistas nesta quinta-feira. Os monges, que há dez dias protestam nas ruas pela queda da junta militar que governa o país, foram espancados por policiais e soldados. Testemunhas dizem que pelo menos uma pessoa morreu durante a repressão aos protestos na cidade de Rangoon, a principal área urbana da antiga Birmânia.

Há relatos de que os soldados quebraram janelas e portas, invadiram dormitórios e agrediram os monges enquanto eles dormiam. Alguns poucos fugiram, e centenas deles foram presos -- testemunhas viram caminhões militares levando os religiosos embora. Apesar dos ataques aos monastérios, os civis do país continuaram com os protestos -- o governo, enquanto isso, ameaçava abertamente a população.

A junta militar transmitiu avisos pelo rádio e pela TV, dizendo que os manifestantes devem ir para casa ou enfrentar "sérias ações". A advertência foi ignorada e milhares de pessoas se reuniram ao centro de Rangoon para desafiar o regime ditatorial. Os manifestantes xingavam os soldados e cantavam canções nacionalistas. A tropa reagiu ao protesto com tiros para o alto e com gás lacrimogêneo.

Fonte: Veja on-line

Repressão em Myanmar

Amigos e Irmãos no Dharma,

É com grande preocupação que o Colegiado Buddhista Brasileiro vem a público comentar as ações que se desenrolam nos últimos dias na antiga Birmânia, atual Myanmar, onde milhares de monges budistas fazem um protesto pacífico contra a junta militar que governa o país.

Segundo fontes da imprensa os monges tomaram as ruas de Yangon, capital do país, entoando Sutras, dentre eles o Metta que exalta o amor e a compaixão dos seres humanos. O que começou com algumas dúzias de manifestantes tornou-se uma das maiores manifestações naquele país,
contudo, com uma característica ímpar: imbuídos de extrema compaixão, os monges estão pedindo para a população leiga que não os acompanhe, nem façam qualquer movimento contra o governo, para que tais leigos não sofram represálias do governo.

Soubemos por fontes da imprensa que a repressão do governo se iniciou hoje, em ações violentas contras os monges, sendo que os seis principais templos da capital birmanesa foram cercados por forças fiéis ao governo e vários monges foram presos e espancados.

O CBB apela a todos os budistas e simpatizantes de nossa religião e mesmo aos membros de todas as outras denominações reliosas que apóiem de alguma forma esses corajosos representantes do Dharma que puxaram para si a responsabilidade de protestar contra as atrocidades do governo para com a população. Esse apoio pode ser feito de várias maneiras, desde intervenções juntos aos poderes nacionais e internacionais até a simples e necessária oração para o povo birmanes, seus governantes e nossos irmãos monges, para que a questão seja
resolvida pelas vias não-violentas como pregou, Sidharta Gautama, o Buda.

Mesmo nesse momento de grande pressão e opressão, os monges birmaneses seguem fiéis aos ensinamentos do Tathagata, elevando sua compaixão e altruísmo às últimas consequências, que esperamos serem as mais serenas possíveis por parte do governo birmanes.

Vamos aguardar o desenrolar das ações, mas pedimos a todos que não se abstenham, nem virem seus rostos para longe, pois as vidas desses monges dependem da pressão internacional e para provocar essa pressão precisamos nos manifestar, seja por emails aos consulados americanos,
tailandes, chines e europeus, bem como, para o Itamaraty e veículos da imprensa.

O CBB possui em seu quadro de diretores e em seu conselho consultivo, representantes do budismo Theravada que através de seus contatos na Ásia tentarão nos manter informados do desenrolar dos acontecimentos.

Sarva Banthu Mangalam!!!!

Metta, Omitofo, Tashi Delek, Namo Amida Butsu, Gassho...

Mauricio Ghigonetto (Shaku Hondaku)
Presidente
CBB
( Demais diretores também subscrevem)

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Por que praticar se eu mesmo não continuarei aqui?

É como perder um dedo quando se tem 3 anos numa travessura, você não tem o dedo, e não pode se culpar de quando era criança e na verdade nem lembra o evento, mas sofre as consequências. Você diria que não tem importãncia porque o adulto não é a mesma criança e não lembra?
É a mesma coisa. Nossos eus se renovam a cada manifestação, e nada lembramos, mas somos a manifestação de carma do passado que, por operar, assume uma identidade, um eu renovado.
Lembro da resposta: Por que o senhor pratica? E um mestre respondeu: Por VOCÊ.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Testamos procedimentos em vermes em laboratório, qual o resultado cármico disto?

Se você desejar pode acessar no site abaixo posições normalmente ensinadas na escola Zen Soto. Basta clicar na secção perguntas e escolher uma opção de assunto.
Adianto que o zen budismo não tem respostas gerais, e todas as ações precisam ser contextualizadas observando o bem maior para o maior numero de seres, e mesmo a hierarquia de consciência destes. O exemplo mais fácil é perguntar se um doente de tuberculose deve evitar tomar antibióticos por não desejar matar milhões de bacilos de Koch. Creio que isto esclarece a questão suficientemente, veja que carma começa com "intenção".


www.chalegre.com.br/zendo

domingo, 23 de setembro de 2007

A prática real

Maria Helena começou a praticar porque soube que seu terceiro diagnóstico de cancer era o fim de sua vida. Perguntou-me o que fazer, respondi: "vamos nos preparar..."Isto foi no início de 2003, e ela viveu mais dez meses. Durante este período aprendeu tudo que pôde. Sentou-se conosco em retiros, sofrendo os efeitos da quimioterapia, deitando-se no zabuton quando não suportava mais ficar sentada em meditação. Dei-lhe meu rakussu, o primeiro que fiz como leigo, ela o usou até sua morte, acompanhada nesta por amigos da Sangha.
Na foto, já sem cabelos, ela janta com a Sangha, a seu lado Flávio Josshin, um pioneiro do zen em Santa Catarina.


sábado, 22 de setembro de 2007

Zendôs precisam ser perfeitamente silenciosos?

Esta é uma questão relativa, nossa prática não pode ser perturbada pelos sons das crianças, senão como praticar no mundo? Por outro lado é evidente que não deveríamos ter um lugar de prática dentro de uma discoteca, ou na praça, embaixo do sol e chuva, mesmo que o mesmo critério, de ser capaz de praticar entre a perturbação, se aplique.
Portanto precisamos buscar um caminho do meio para não termos que lidar com mais obstáculos do que a maioria pode lidar, nem procurar que o zendô seja um lugar perfeito, nem permitir que por licensiosidade nossa ele se torne demasiado conturbado.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

É possível levar a vida do Dharma no mundo comum?

A mente de Buddha está ao alcance de leigos e monges, não há privilégios dos religiosos quanto a isso. Usando ternos e gravatas podemos manifestar nossa condição búdica. Não importa nossa atividade, desde que tenha a marca da compaixão, da mente de bodicita. Faça o que tem de fazer, receba o justo pelo seu serviço, ajude este mundo a ser melhor. Desta forma o mundo cresce para a condição búdica, e transformar o samsara em nirvana é o trabalho de um Buddha.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

O abandono de Sidharta

P: Sobre Sidharta, ele abandonou sua esposa e seu filho. Um pequeno ou grande sacrifício por parte dele? Quão grande deve ter sido o efeito deste abandono na vida da mulher e do filho e da mãe e do pai! Qual teria sido o efeito cármico de um ato destes ?

R: Grande sem dúvida. Veja ele não era um iluminado, nem temos porque tentar defender os atos de Buddha antes da iluminação, ele não era diferente de mim ou de você. Era um homem perturbado, cheio de dúvidas sobre o sofrimento, angustiado pela existência da morte. Que foi difícil sua decisão é de adivinhar, cortar seus laços e tentar encontrar as respostas...

Podes avaliar pela tua própria luta para cortar com o passado e encontrar teu próprio caminho. Difícil, dolorido, coisa que precisa de coragem e determinação. Do ponto de vista ético podemos citar Sto. Thomas de Aquino, nas dúvidas morais optar pelo maior bem para o maior numero de pessoas, não há dúvida de que este objetivo foi atingido no caso de Buddha.
Por outro lado Rahula, seu filho, foi mais tarde um dos grandes discípulos de Buda, um de seus mais próximos seguidores, sua mãe adotiva Prajnapati foi a iniciadora da ordem feminina e também grande discípula. A espôsa faleceu antes desta oportunidade. Ao que parece a família o seguiu. Assim podemos dizer que o mau carma de abandono de Sidharta parece ter sido resgatado pela sua atuação depois de se tornar o Buddha.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Fui a uma missa, é certo?

Não se preocupe com o caminho certo, simplesmente viva seguindo seus passos um após o outro, se sentir vontade de ir a uma missa vá, nada de mau acontecerá , pelo contrário. A inquietação é boa, a angústia de achar algo mais profundo, porém a coisa mais profunda de todas é beber um copo de água, olhar a espôsa e o filho, respirar...
Tudo é simples e espiritualmente profundo, somos nós que não enxergamos.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

MAITREYA

MAITREYA (sânsc.; chin. MI-LE; jap. MIROKU; tib. JAMPA/ BYAMS PA) - buddha do futuro, que deverá aparecer no mundo para restaurar o Dharma. O Dharma desaparecerá e será um dia restaurado? É uma espécie de profecia?

R: É um conceito cíclico muito citado em numerosos escritos budistas, como se o Dharma entrasse em decadência, ninguém mais obtivesse a iluminação fácil dos promeiros tempos, fosse ficando só o ensinamento e por fim até este fosse esquecido, os períodos são citados com grandes variações, de
centenas até a milhar de anos.
No Zen dizemos que isto é apenas didático e a iluminação está acessível a quem praticar corretamente aqui e agora. Mas nada impede que novos Budas venham a surgir se as condições para isto existirem.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Ouvi a voz de minha falecida mãe em pleno zazen...

Realmente, mesmo poderosas estas experiências vem de sua própria mente. Mas tê-las propicia uma elaboração. Apenas prossiga sem dar muita atenção a isto.

sábado, 15 de setembro de 2007

Moriyama Roshi

Moriyama Roshi, foi Sookan do Templo Busshinji, e meu segundo professor, me chamou para seu professor assistente e deu inestimável apoio a Sangha de Florianópolis. Atualmente reside no Japão.


sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Há similaridades entre a relação com o mestre no Vajrayana e no zen?

No zen e no Vajrayana, acreditar que existe uma maneira de entender o budismo é desconhecer o budismo, o budismo é experiencial, e a transmissão através de um mestre a tradição central.
Em geral as crenças individualistas de caminho próprio tem servido de extravio para muitos
ocidentais e orientais, o budismo não é democrático, nem a relação com o professor pode sê-la, ou há entrega ou não há transmissão.
Não se trata de investigação, pesquisa, de pegar o que gosto e descartar o que não gosto, trata-se de trilhar um caminho com uma mão amiga em quem confiamos, se perdermos a confiança precisamos de outro guia.
Na prática zen prostrações são a marca do treinamento do leigo também, os alunos que sentem obstaculos internos ao faze-las não podem progredir enquanto não superam este remédio para o orgulho pessoal. As similaridades do zen e do vajrayana nestes aspectos são bem marcantes.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Durma

No sétimo dia, o zazen avança até a madrugada. Saikawa Roshi recebe cada participante para uma entrevista individual em sua sala. Diante do mestre, é hora de tirar dúvidas sobre a prática. Ele vai responder, mas nem sempre da forma que esperamos ou gostaríamos. Um amigo contou que fez a seguinte pergunta:


Sinto sono durante o zazen, o que faço?

Durma , foi a resposta.


Segundo o professor Jisho, não estamos ali para ganhar nada. Ao contrário, vamos justamente para perder. Perder um pouco de nossa ignorância, nossa prepotência e nosso apego. Voltamos para casa, Sodô e eu. Sou tomado pela forte intuição de que algo mudou em mim.

(Final de texto publicado na revista Bons Fluidos, link abaixo)

Fonte: http://bonsfluidos.abril.uol.com.br/livre/edicoes/0101/06/06.shtml

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Monge, como me livrar da identidade que me aprisiona?

Tenho repetido para mim mesmo que trocar minha identidade para a de um monge não resolve nada e apenas cria outra prisão. A única boa motivação é a voltada para os outros.
Este momento é realmente bom, um insight, porém ele é limitado, é evidente que o budismo é somente um método e um caminho de apoio, com Sangha, professor e etc... mas ele não passa disto e não serve para uma identidade "budista" de maneira alguma.
É realmente difícil enfrentar o fato de que estamos mergulhados nesta crença de individualidade e que sobre ela não devemos acrescentar mais coisa alguma, menos ainda adesivos de budista ou o que quer que seja a mais.
Mas nesses momentos devemos aproveitar a grande oportunidade do zazen, em especial não o largue, não cogite de nada nele, não se examine, apenas sente e deixe que tudo se aprofunde, faça isto mais intensamente agora. Lembre-se que a iluminação é uma grande espada, com ela você jogar o budismo fora, cortar a cabeça de seu mestre!

sábado, 8 de setembro de 2007

Igarashi Ryotan Roshi (Monge Tokuda)

Saikawa Roshi atual Sookan para a América do Sul e Igarashi Ryotan Roshi, tiveram um excelente encontro dia 28/8 na sede da Shumoshu no Japão. Tendo sido, como ainda Monge Tokuda, um grande pioneiro no ensino do zen no Brasil é promissor que hajam planejado atividades conjuntas no próximo ano em nosso país.
Na foto Igarashi Ryotan Roshi em atividade na França, alguns anos atrás.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

É sesshin ou seshin? Gasshô ou gashô?



Para mim pessoalmente, acho que é só uma questão acadêmica. Em português não faz a menor diferença.
Quando as línguas ocidentais (alfabéticas) encontraram as orientais (ideográficas e silábicas), tiveram que criar sistemas de transliteração. Vários sistemas foram criados e o mais aceito internacionalmente no caso da língua japonesa é o sistema Hepburn. No Brasil, já fizemos algumas tentativas de melhor adaptação, mas ainda fica confuso. Por exemplo, em português a palavra Zen poderia muito bem ser escrita com "m" no final, mas convenhamos que ficaria estranho escrever Zem ou Xim (Shin) ou Candizai-Bossatsu, embora eu já tenha visto muitas vezes a palavra Xaquiamuni. Acho que não precisamos chegar a tanto.
Mas vamos lá....

Uma das regras gramaticais japonesas diz que certas palavras compostas (aglutinadas, na verdade), quando formadas por vocábulos como Setsu+Shin, o "tsu" é escrito em tamanho menor e há uma espécie de pequena parada, onde o som da próxima sílaba aparece dobrado. Seria mais ou menos como escrever SE(tsu)SHIN e a pronúncia fica Sesshin (outra alternativa seria usar apóstrofe Se'shin). O mesmo acontece com Gatsu+shô = Gasshô.
Parece complicado ao se explicar, mas no dia-a-dia japonês, isso é o comum. Seria talvez como em português, quando dizemos "copo de água" = "copo d'água".
No Hannya Shingyô isso acontece com freqüência, em palavras como Ha-ra-mi(tsu)-ta = Haramitta, ou i(tsu) sai = issai e assim por diante. Mas são apenas purismos da fonética.
Em português não faz diferença, mas a pronúncia para o idioma japonês faz. Por exemplo apalavra "kite" (forma imperativa do verbo kiku, que significa ouvir) e a palavra "kitte" (sêlo), na expressão japonesa não podem ser confundidas, pois numa expressão como:
"kite kusasai" = Ouça, por favor. (ficaria assim) "kitte kudasai" (com uma paradinha entre o ki e o te) = (Um) sêlo, por favor.
Esses detalhes fonéticos criam situações quase de Koan:
"O monge Haku-shin entra numa agência do correio e pede: Sêlo, por favor. E o balconista responde:
Estou ouvindo..." (hehehe)

Não sei se deu para explicar, mas estou à disposição para qualquer outro esclarecimento que esteja ao meu alcance.

gasshô,

Rev. Wagner - Sh. Haku-Shin ..... ou será que vai ficar "racu-xin" ;)

(Resposta gentilmente dada pelo meu especial amigo, o erudito Rev. Wagner, do Budismo Shin)

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Qual a diferença entre a meditação zen e o "zen cristão"?

Uma diferença marcante na prática da meditação cristã e o zen é que na cristã (pelo menos em seu início) sempre há alguém aqui e o Senhor está em outro ponto, nós o invocamos "Maranatha" (Vinde Senhor) mas não perdemos a dualidade nem o eu.
Indo mais longe, seria necessário , como S. João da Cruz, morrer para si mesmo, e assim, extinta a individualidade, não sermos mais nós quem vive , mas sim o Senhor que vive em nós, como falou S. Paulo, o apóstolo.

No caso de um praticante do zen a instrução seria: abandone tudo, e sente sem nenhum objetivo, não busque insights, tampouco a divindade, morra simplesmente para si mesmo e então o espaço se abrirá naturalmente.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

No isolamento da não-mente o vazio deixa de ter sentido?

R: A não mente é nossa verdadeira natureza em expressão. não há isolamento nela, há absoluta presença e abrangência.

P: No mais profundo silêncio do íntimo - se somos ou não somos, se há vacuidade ou não vacuidade - isto não é apenas uma palavra? uma designação? O que está em jogo agora?

R: Perceber sua verdadeira natureza. Como no koan: Mostre-me sua face antes de seus pais terem nascido.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Sonolência durante a meditação

Primeiro assegure-se que você tem dormido o suficiente, que não tem um deficit de sono.
Depois revise a postura, os joelhos empurram o chão? A coluna fica bem reta? Peça para alguém colocar um sarrafo encostado em suas costas, o cocxis e a cabeça devem toca-lo. Conserve os olhos abertos todo o tempo. Agarre-se ao agora. O espírito como um leão prestes a saltar.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Li que é diferente colher uma alface, sem sistema nervoso, e caçar. Como pensa o monge?

1) O foco do budismo é o sofrimento, não a vida em si, (não matar é preceito porque isto causa sofrimento).
2) Sim, matamos animais para plantar, bactérias ao lavar as mãos, e nosso sistema imunológico mata continuamente ou pereceremos, e assim por diante.
3) Assim resta considerar que não vivemos sem matar, e não vivemos sem causar sofrimento, desta forma devemos evitar o melhor que pudermos matar e causar sofrimento mas a cada momento precisamos decidir se precisamos ou não faze-lo.

Caracteristicamente o budismo não tem uma resposta fechada, elas estão em aberto, você deve continuar decidindo, mata ou não os mosquitos da dengue com inseticida? Salva a plantação dos gafanhotos ou passa fome? Tira ou não os carrapatos do cachorro? A maioria é bem fácil, não tenho dúvidas em tirar os carrapatos.

sábado, 1 de setembro de 2007

Monge em chamas

Até tombar carbonizado, este monge budista vietnamita, queimou imóvel. Na guerra do Vietnam vários casos como este se sucederam. O budismo em tese não aprova o suicídio, porem o auto sacrifício em benefício dos outros pode vir a ser considerado.