Aluno: Tenho uma dúvida sobre a prática. Por mais que eu pratique e consiga ter insights é muito difícil promover mudanças na minha vida.
Monge Genshô: Essa é a dificuldade de todo mundo. Nós comparamos o carma com um rio correndo e no centro a correnteza é mais forte. Se você está num barco no centro do rio, a correnteza vai arrastar você e na maior parte do tempo você não vai conseguir fazer nada. Você precisa esperar um momento mais calmo para tentar desesperadamente sair da correnteza. Nesse momento você tem que se esforçar para mudar a direção na qual você já está embarcado, tão bem embarcado que nasceu aqui com esse corpo, esses desejos, esses impulsos, nessa cultura, tudo isso aconteceu porque já tem carma para isso. Escapar disso é interessante, porque todo mundo quer continuar com seu eu e não quer morrer nunca. Quer ressuscitar, ir para o paraíso, enfim, quer permanecer. No budismo não é esse o objetivo, na realidade essa repetição de estar aqui, nesse tipo de vida, é a prisão. Repetir a mesma vida como castigo é a prisão. Acaba esse a começa outra igual. A repetição desse igual é um castigo incrivelmente pesado.
Tem um filme chamado “Feitiço do tempo” e nele o personagem repete o mesmo dia. Todos os dias que ele acorda e está tudo igual, o mesmo despertador, a mesma cidadezinha onde ele se hospedou, as pessoas o cumprimenta do mesmo jeito e todo o resto. Primeiro ele acha ótimo, depois começa a fazer coisas para aproveitar a situação, repetindo dia após dia ele aprende sobre uma mulher e a tenta conquistar 20 vezes diferentes, corrigindo cada erro até obter sucesso. Depois ele se desilude com aquelas repetições constantes e tenta se matar, mas então toca a campainha e amanhece novamente no mesmo dia. Até que ele desiste e vai indo. Na realidade essa é uma metáfora das nossas vidas, repetindo o tempo todo, a diferença é que ele se lembra e vocês não lembram. Como ele lembra, ele busca a saída daquela situação e só encontra a saída quando muda sua forma de ser, quando muda como pessoa. O filme é uma metáfora do que é se manifestar novamente.
Nesse mesmo filme ele começa a se dedicar a alguns projetos. Procura uma professora de piano e começa a ter aulas, no fim do filme ele é um grande pianista, mas o processo de aprendizado é longo e trabalhoso, assim como o processo de mudança da vida. Você precisa reforçar os pontos bons e enfraquecer os negativos. Existem mil estratégias, eu acabei de falar sobre como você ocupa seu tempo, mas temos mil outras mudanças possíveis. Como comer, por exemplo? Você não precisa comer tanto, pode comer mais devagar, não precisa desperdiçar, pode entender aquela comida como remédio para continuar a praticar, sem avidez, sem ganância, tentando respeitar cada coisa, até a água com a qual você lavou sua tigela. Imagine que se todo mundo se alimentasse com oryoki não precisaríamos de detergente e não existiriam rios com espumas. Pensem.
Monge Genshô: Essa é a dificuldade de todo mundo. Nós comparamos o carma com um rio correndo e no centro a correnteza é mais forte. Se você está num barco no centro do rio, a correnteza vai arrastar você e na maior parte do tempo você não vai conseguir fazer nada. Você precisa esperar um momento mais calmo para tentar desesperadamente sair da correnteza. Nesse momento você tem que se esforçar para mudar a direção na qual você já está embarcado, tão bem embarcado que nasceu aqui com esse corpo, esses desejos, esses impulsos, nessa cultura, tudo isso aconteceu porque já tem carma para isso. Escapar disso é interessante, porque todo mundo quer continuar com seu eu e não quer morrer nunca. Quer ressuscitar, ir para o paraíso, enfim, quer permanecer. No budismo não é esse o objetivo, na realidade essa repetição de estar aqui, nesse tipo de vida, é a prisão. Repetir a mesma vida como castigo é a prisão. Acaba esse a começa outra igual. A repetição desse igual é um castigo incrivelmente pesado.
Tem um filme chamado “Feitiço do tempo” e nele o personagem repete o mesmo dia. Todos os dias que ele acorda e está tudo igual, o mesmo despertador, a mesma cidadezinha onde ele se hospedou, as pessoas o cumprimenta do mesmo jeito e todo o resto. Primeiro ele acha ótimo, depois começa a fazer coisas para aproveitar a situação, repetindo dia após dia ele aprende sobre uma mulher e a tenta conquistar 20 vezes diferentes, corrigindo cada erro até obter sucesso. Depois ele se desilude com aquelas repetições constantes e tenta se matar, mas então toca a campainha e amanhece novamente no mesmo dia. Até que ele desiste e vai indo. Na realidade essa é uma metáfora das nossas vidas, repetindo o tempo todo, a diferença é que ele se lembra e vocês não lembram. Como ele lembra, ele busca a saída daquela situação e só encontra a saída quando muda sua forma de ser, quando muda como pessoa. O filme é uma metáfora do que é se manifestar novamente.
Nesse mesmo filme ele começa a se dedicar a alguns projetos. Procura uma professora de piano e começa a ter aulas, no fim do filme ele é um grande pianista, mas o processo de aprendizado é longo e trabalhoso, assim como o processo de mudança da vida. Você precisa reforçar os pontos bons e enfraquecer os negativos. Existem mil estratégias, eu acabei de falar sobre como você ocupa seu tempo, mas temos mil outras mudanças possíveis. Como comer, por exemplo? Você não precisa comer tanto, pode comer mais devagar, não precisa desperdiçar, pode entender aquela comida como remédio para continuar a praticar, sem avidez, sem ganância, tentando respeitar cada coisa, até a água com a qual você lavou sua tigela. Imagine que se todo mundo se alimentasse com oryoki não precisaríamos de detergente e não existiriam rios com espumas. Pensem.