terça-feira, 16 de setembro de 2008
As histórias sobre Buda
Quando Cristo é preso é preciso que Judas o beije para que o identifiquem. Soldados o chicoteiam, cospem em seu rosto. Pilatos lhe pergunta: - Quem és tu?
Este mesmo homem transcende e fascina em outros momentos. Por simplesmente tocar seu manto uma mulher é curada.
As histórias sobre Buda também são assim. Ora tem marcas que fascinam, aura, anda acima do chão. Ora aparece como um homem comum, a quem Devadatta odeia , quer substituir, e não vê nada demais nele. Senta-se com os amigos para comer e (nunca demais lembrar) morre de diarréia. A conservação desta história é essencial para compreendermos a intenção dos discípulos ao conserva-la.
As duas visões são verdadeiras em ambos os casos. São os olhos dos que vêem os transformadores.
O que me faz lembrar as afirmações de que tudo é ilusão. Se é assim esta afirmação ou percepção a respeito da ilusão também é ilusória, e a realidade é existente porque o paradoxo tem a virtude de se auto desmentir. Então se diz no zen que a realidade existe e não existe. Que a dialética que nega a dialética está exercitando a dialética para contestá-la e assim fazendo, confirma sua existência negando-a. Deste modo o zen não está ali porque a dialética ocupa o espaço de uma percepção pura, não filtrada através dos códigos das palavras.