quarta-feira, 2 de outubro de 2013
Quando como como
Existe um diálogo bem famoso, perguntaram à um mestre – Mestre como é a iluminação? - e ele respondeu - Quando sinto fome, como, quando sinto sono, durmo – e o discípulo disse - Mas isso é o que todo mundo faz - e ele disse – Não, não é. As pessoas sentam para comer pensando em outra coisa, em suas perdas passadas, se terão comida amanhã, ganhos futuros, dificuldades, ou até na unha encravada que dói e não aproveitam, não comem realmente. As pessoas que vão dormir, deitam e pensam em qualquer coisa e não dormem bem, demoram para dormir porque estão ansiosas, preocupadas, realmente não dormem. Eu quando sinto fome, como. Quando sinto sono, durmo. Podemos estender isso para qualquer atividade da vida. Para tomar banho, fazer amor, pegar uma criança no colo, abraçar um amigo. Se você estiver completamente dentro daquilo que você está fazendo, você está vivendo de verdade, está vivo, os outros não estão vivos realmente, não estão acordados, estão dormindo um sonho qualquer de depressão, de ansiedade, angustia ou de tristeza e até o desejo de que a vida fosse diferente do que é nesse momento.
Mas essa é a vida que você tem e esse momento é tudo o que você realmente tem. Nós nos perdemos nos sonhos do ego, em todas as coisas que estão anexadas ao nosso eu, nossos impulsos e desejos, nosso carma que nos trouxe para cá. Nossos desejos de reconhecimento, nossos desejos de cargos, desejos de glória e fama. “Kodo Sawaki Roshi” disse que “o pior vício do ser humano é o desejo de fama”, então, há poder e coisas que nem são materiais, mas pelas quais os homens estão dispostos a fazer tudo.
Para conservar o poder, ditadores podem jogar fora o dinheiro que acumularam ou roubaram de seus povos, matar pessoas, mandar bombardear, fazer qualquer coisa, como podemos ver nesse mundo de hoje. Esse desejo de poder e fama é um desejo terrível. Às vezes nos perdemos com desejos de “coisas” somente, e ficamos infelizes atrás de uma casa nova, um carro, ou qualquer outra coisa. Esse “estar perdido” é frequente quando olhamos as crianças pequenas que ainda não aprenderam a esperar, se você disser – Não, agora não, chocolate agora não, depois do almoço, daqui a vinte minutos, depois que você comer eu lhe dou essa barra de chocolate – então elas começam a chorar desesperadas, muito infelizes, pois elas querem o chocolate agora, não conseguem esperar um instante. Isso é uma falta de clareza da percepção de como o tempo transcorre.(a transcrição da palestra continua)