(Continuação) Quando
nós olhamos as outras pessoas temos que ver nelas e em todos os seres a
natureza búdica. Cada um dos seres é uma manifestação de sonho e quando se desperta,
torna-se o próprio Buda. Buda é quem vê que o eu é um engano. Aquele que
percebe isso não tem energia para se manifestar como um eu separado, mas ele
não foi embora, nada vai embora, tudo é a própria vacuidade. Isto é o budismo e
essa é a essência da compreensão do budismo. Quando compreendemos isso todo o
resto fica claro, porque tudo não é mais do que variações em torno de um só
tema. Natureza búdica, vacuidade, manifestação, talidade, são só palavras para
tentar expressar um pensamento que no fundo é extremamente simples, mas que
contraria todo o nosso conhecimento intuitivo, por isso é tão difícil. Ouvimos
e sentimos tudo separado, e então fica difícil entender que dentro dos outros
tem algo igual a mim, mas se considerarmos as poesias e a literatura, veremos
que outras pessoas sentiam como nós, então há algo comum.
O
budismo está dizendo que essa sensação de separação é o principal engano. Você
e todas as coisas são uma coisa só. Você é a vacuidade e não um evento separado.
Por isso há a história inicial “se você pensa que vem ou vai, ainda não
entendeu”.