Em 2004 a Revista Veja publicou uma matéria intitulada O Céu dos Suicidas, em que dizia que o budismo via sem restrições o suicídio, e este seria um motivo para a frequência da prática no Japão. O Rev. Prof. Dr. Ricardo Mario Gonçaves escreveu um texto que serviu de base para a carta abaixo , que remetida pelo CBB, infelizmente não obteve publicação:
"A matéria "O céu dos suicidas" tem alguns erros em suas afirmações e apreciações tanto em relação ao Xintoísmo quanto ao Budismo. Nem o Budismo nem o Xintoísmo sancionam a prática do suicídio.
Quem fala em "pecado" no Budismo e no Xintoísmo está tendo uma atitude etnocêntrica porque está projetando sobre outras visões do mundo conceitos próprios do universo judaico-cristão. Sendo o Xintoísmo uma religião arcaica de cunho xamânico não tem nem pode ter noção de pecado, mas sim tabus de impureza e pureza. Quem derrama o próprio sangue ou o de outrem não se torna pecador, mas sim impuro. As mesmas noções aparecem também, por exemplo, na Mitologia Grega, onde há muitos relatos de culpados de assassinato (inclusive deuses!) que se dirigem a santuários para serem purificados da poluição produzida pelo sangue derramado.
Quanto ao Budismo, todo ato produz karma, ou seja, toda ação provoca conseqüências e o suicídio não escapa disto, sendo um ato destruidor e provocador de maus resultados. Nos textos dos Sutras Budistas, vemos o Buda Histórico Sakyamuni advertindo contra dois tipos de desejo contrários entre si:
1- O desejo de autoperpetuar-se indefinidamente, ligado à falsa concepção de um eu estável, ou, alma"atman";
2- O desejo de auto-destruir-se (que é o que conduz ao suicídio)."
Quem fala em "pecado" no Budismo e no Xintoísmo está tendo uma atitude etnocêntrica porque está projetando sobre outras visões do mundo conceitos próprios do universo judaico-cristão. Sendo o Xintoísmo uma religião arcaica de cunho xamânico não tem nem pode ter noção de pecado, mas sim tabus de impureza e pureza. Quem derrama o próprio sangue ou o de outrem não se torna pecador, mas sim impuro. As mesmas noções aparecem também, por exemplo, na Mitologia Grega, onde há muitos relatos de culpados de assassinato (inclusive deuses!) que se dirigem a santuários para serem purificados da poluição produzida pelo sangue derramado.
Quanto ao Budismo, todo ato produz karma, ou seja, toda ação provoca conseqüências e o suicídio não escapa disto, sendo um ato destruidor e provocador de maus resultados. Nos textos dos Sutras Budistas, vemos o Buda Histórico Sakyamuni advertindo contra dois tipos de desejo contrários entre si:
1- O desejo de autoperpetuar-se indefinidamente, ligado à falsa concepção de um eu estável, ou, alma"atman";
2- O desejo de auto-destruir-se (que é o que conduz ao suicídio)."