quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Kumarajiva


Introduzido na China no ano 65 d.C., o budismo em breve deixou de ser uma religião exótica de mercadores e monges estrangeiros para começar a criar raízes na sociedade chinesa. Tal implantação só se concretizou graças ao extraordinário e árduo trabalho de uma plêiade de eruditos e abnegados tradutores que verteram os textos sagrados budistas do sânscrito para o chinês. Desse esforço, que se estendeu até o século XII, resultou o Tripitaka Chinês, compartilhado pelos coreanos, japoneses e vietnamitas, povos para os quais chinês literário funciona como uma língua internacional de cultura, tal como era outrora o latim na sociedade ocidental.

As primeiras traduções eram bastante imperfeitas, pois, ao se defrontarem com uma sociedade totalmente diferente da indiana, os tradutores encontraram grandes dificuldades para encontrar na língua chinesa vocábulos adequados para traduzir os termos específicos do budismo. O primeiro método adotado, longe de ser satisfatório, foi o chamado ko-i (kakugi em japonês), que consistia em utilizar o vocabulário técnico do taoísmo, doutrina percebida como próxima do budismo. Kumarajiva foi o primeiro tradutor que conseguiu criar um vocabulário chinês adequado para a transposição dos conceitos budistas, produzindo traduções fiéis aos originais que ainda hoje são utilizadas na China e no Japão.
Trecho de palestra do Rev. Ricardo Mário Gonçalves, íntegra aqui