domingo, 2 de fevereiro de 2014

Faça a oportunidade


Pergunta – O senhor falou sobre a construção do carma, mas o meio em que vivemos, direta ou indiretamente também não é responsável pela construção deste carma?

Monge Genshô – Não. Você já está neste meio em razão de seu carma. Já fez parte de seu caminho. O meio nos ajuda ou atrapalha, porém, você tem uma grande capacidade de escolha. Por exemplo, hoje, em vez de estar aqui você poderia estar num boteco bebendo. Você é livre e escolhe seus companheiros. Nós escolhemos o nosso mundo. Não podemos dizer que vivemos e agimos de determinada maneira porque nascemos em determinado país.

Pergunta – Eu falo até em razão disso mesmo que o senhor disse, a oportunidade que temos, nessa cidade, nesse bairro e com estas pessoas. Isso é muito raro. Eu moro em uma cidade distante de Florianópolis e as pessoas de lá não têm essa oportunidade.

Monge Genshô – Mas você pode montar um grupo de estudos em sua cidade e propiciar a prática para as pessoas de lá. Vocês podem sentar para meditar e ler textos. Temos grupos assim em várias cidades e estados do país. Em Joinville me mandaram uma foto com o texto: “Sentamos em Zazenkai”. E havia três pessoas. Isso é o Dharma funcionando. Isso é um gesto admirável, entendo bem como é isso, pois em Porto Alegre muitas vezes me sentei sozinho. As pessoas não desejam ir para onde as ilusões lhes são tiradas e sim onde exista uma grande oferta de compensação. Se oferecer milagres então, é certeza de casa cheia. Como o Zen não faz esse tipo de oferta, sempre há poucas pessoas. Nós precisamos de pessoas que facilitem o ensino do Dharma. Não é necessário muita coisa, apenas um espaço com almofadas e muita disposição para sentar, inclusive sozinho. Conta-se que Bodidharma ficou tanto tempo sentado sozinho em uma caverna que a parede da caverna ficou com a marca de sua sombra.