segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014
Como um homem na luz mas de olhos fechados
1) Nessa maneira como eu posso explicar a sensação de “deja-vu”?
Saikawa Roshi – O que você quer dizer com isso?
Aluno- Essa sensação de que as coisas se repetem.
Saikawa Roshi – Elas parecem a mesma coisa, mas o momento que você sente essa experiência é esse momento.
2) Devemos buscar a iluminação ou não?
Saikawa Roshi – Sem dúvida. Porque estamos iluminados mas não vemos. (Como um homem na luz de olhos fechados). Porque originalmente estamos além de delusão e iluminação, mas sua atividade mental não concorda com essa experiência. Buda levou seis anos e nossos ancestrais praticaram duramente zazen. Dogen iluminou-se na China e voltou ao Japão onde fundou Eihei Ji, era uma pessoa muito inteligente e escreveu vários livros em chinês, livros muito, muito difíceis de escrever e entender. Quando Dogen tinha oito anos já havia lido difíceis livros de teoria Zen chineses. Uma vez monge, estudou Sutras e mesmo assim não estava satisfeito, pois isso era um entendimento mental e esse entendimento mental é baseado nos opostos.
A realidade estava além destes dois lados, bom ou ruim, certo ou errado, por isso ele precisava experimentar, precisava da experiência. Isso é chamado de iluminação num pequeno sentido, mas no grande sentido ele já era iluminado, além disso ou daquilo, dentro e fora, vida e morte. Mas até que você realmente veja a realidade antes de começar a atividade mental, você nunca estará satisfeito, você precisa dessa experiência.
3) A compreensão da parte filosófica do Budismo é bastante fácil e compreensível para quem se esforça. A grande dificuldade é quebrar os condicionamentos da mente e dos atos, de sua prática diária.
Saikawa Roshi – Porque vivemos num modo dualista. Algumas pessoas pensam que a mente é o corpo. Na vida diária temos que identificar e entender as coisas. É muito fácil ser fisgado, apanhado pela mente. Do ponto de vista de Shakyamuni Buda, quero salvar os seres, mas, não posso encontrá-los, mas no ponto de vista de nossa vida prática, mesmo Shakyamuni e Bodidharma tiveram dificuldades para atingir a iluminação e permaneceram no caminho da prática. Tornar-se presente na vida diária é muito difícil.
4) E o zazen é a forma de prática, é o caminho da prática?
Saikawa Roshi – Sim. É a maneira de ver o self e de salvar o self.
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