Pergunta:
Tal como os Dharmas têm uma originação interdependente, o carma tem originação
interdependente? Também nesse sentido, querendo abordar a ideia de carma
coletivo, como seria a modificação através da prática de carma coletivo?
Monge
Genshô: Carma normalmente é entendido como ação intencional, e que muda a onda
cármica. Mas todo carma, enfim, também se esgota, tanto o bom quanto o ruim. O carma
também é interdependente, também se dissolve. É só uma questão de durabilidade
mais longa, mas ele também cessa.
Há pessoas que atingem um carma divino, mas os deuses
também morrem no budismo. Nós chamamos no budismo de "deuses" os seres que
atingiram tal qualidade, que suas vidas não têm sofrimento, são só prazer. Mas
esses carmas também se esgotam - como dito, a longo prazo todos os carmas se esgotarão.
Não
podemos dizer que existe um carma coletivo. De certa forma, por exemplo, todos
nós nascemos no Brasil, porque temos uma atração por esse lugar, por essa forma
como ele é, etc. E nos manifestamos aqui porque somos, de certa maneira,
parecidos nesses aspectos. Por isso dizemos: "ah, o nosso povo é assim"; o nosso povo tem uma certa tendência.
Portanto, partilhamos um determinado carma, e, por
isso, certo destino cármico. Então, nós podemos dizer, nesse sentido, que existe
alguma coisa como um "carma coletivo". Mas, por definição, o carma é uma
manifestação individual, coesa, e não eterna. Ela também é como uma
onda, e com o tempo se desfará. Ela também se gasta.