Aluno: Como o senhor mesmo falou: "que face eu tenho antes de meus pais nascerem?". Eu não consegui entender nada disso, não tem sentido isso, porque eu não estou preocupada com o que aconteceu no passado, o que tem a ver? Não pode se agarrar nem aqui e nem lá.
Monge Genshô: Este é um koan. Koan significa literalmente caso público. É uma pergunta que um mestre Zen fez para alguém no passado, e a pergunta era brilhante, tal qual o foi a resposta, mas nós nunca contamos a resposta, porque, se o fizermos, estraga o koan. Você é quem tem que descobrir.
Um mestre perguntou: “me mostra a tua face, vem aqui e me mostra a tua face antes de teus pais terem nascido”. Essa face não tem nada a ver com o teu rosto, porque teus pais ainda não nasceram. Então que rosto seria? Mas então qual a tua verdadeira face, independente de teus ancestrais?
O que é em nós que nunca nasceu? Que nunca morre? Nós sabemos que não é um eu, porque este eu é uma construção que você faz com a operação da sua mente, que acredita que tem um eu; você cria um eu, alguém lhe dá um nome. Qualquer pessoa a quem façamos a pergunta “quem é você?” responde o nome, profissão, qualquer coisa. Uma vez um rapaz me disse:
- Eu sou esse corpo” e eu disse “e se eu cortar o seu braço direito, seu braço esquerdo, sua perna direita e esquerda você ainda está aí?”
- ”Estou.”
- “Então não é seu corpo, porque eu tirei vários pedaços e você nem diminuiu.
(CONTINUA)
[N.E.: trecho de palestra proferida por Meihô Genshô Sensei]