Aluno: O zen mostra uma visão
desiludida das coisas (desiludida de sem ilusões). Eu comprei isso aqui (um
colar com símbolo), e gostaria na verdade de uma leitura sobre os símbolos ou
signos.
Monge Genshô:
Como você mesmo disse, não é relevante. Os símbolos e os rituais são linguagem
para o inconsciente. Nós sonhamos com signos, e eles nos atingem de alguma forma. Nós montamos um altar, colocamos uma estátua, colocamos flores porque é bonito. Colocamos
vela, que é o símbolo da iluminação. Acendemos incenso, etc. Nós fazemos essas coisas,
mas elas não são o budismo. São o que nós chamamos de upaya, meios hábeis: são
meios para criar um clima, para ajudar as pessoas que se sentem impactadas pelo
ambiente, mas não são realidade alguma e não são essenciais.
Por isso nós
contamos a história do monge Zen que estava com frio, pegou a estátua de
madeira de Buda, partiu em pedaços, fez lenha e fez uma fogueira. Daí os
outros monges que apareceram de manhã disseram: “oh, você queimou o Buda!”, e
ele retrucou: “é mesmo? Cadê os ossos? (sariras)". O que ele quis dizer é que era só
madeira; naquele momento era madeira: eu estava precisando e pronto, acabou.
Então, o símbolo ou qualquer coisa que você goste e use pode ser inspirador, mas
se alguém me pergunta e diz: “ah, eu queria fazer uma tatuagem de Buda para
mostrar que sou budista”, eu digo: “não faça isso! Você quer ser diferente das outras
pessoas?”. Tudo o que fazemos para nos diferenciar, nos atrapalha. É um reforço
egóico.
[N.E.: trecho de palestra proferida por Meihô Genshô Sensei]
[N.E.: trecho de palestra proferida por Meihô Genshô Sensei]