Prof. Ricardo Sasaki descreve:
Ocorreu ontem à noite o evento do CBB - Colegiado Buddhista Brasileiro - no Bushinji de São Paulo. No geral, apreciei o evento, considerando que foi a primeira atividade pública do CBB (além de todas as outras atividades que ocorrem mais 'não-publicamente'), considerando a chuva e o trânsito de São Paulo. Creio que contamos com cerca de 50 pessoas no total. Alguns, muito justamente, se surpreenderam pelo número pequeno de pessoas num evento com tamanha importância moral para o Buddhismo. Infelizmente essa é a conhecida realidade do Buddhismo no Brasil. Quando o Dalai Lama visita, milhares de pessoas vêm para vê-lo, mas quando um evento em nome da justiça e da não-violência é organizado, poucos aparecem. Isso nos faz questionar, é claro, sobre a motivação dos milhares que estão prontos para ver um ícone (será que foram lá para ver o verdadeiro Dalai Lama ou para ver uma 'estrela'?). Mas é assim mesmo, realidades da situação brasileira que em quase cem anos não consegue ainda articular bem o engajamento inter-ser, preferindo a prática somente individual com dúbias motivações.
Ocorreu ontem à noite o evento do CBB - Colegiado Buddhista Brasileiro - no Bushinji de São Paulo. No geral, apreciei o evento, considerando que foi a primeira atividade pública do CBB (além de todas as outras atividades que ocorrem mais 'não-publicamente'
Podemos pensar: 'Por que vou enfrentar o trânsito e a garoa para ir num tal evento?' 'Que importância teria a minha presença para isso?'; 'O que um manifesto público terá de efeito para um país tão longe do meu?'. São questionamentos que nos fazem ficar em casa ou preferir ir ao cinema. É fácil esquecer que a doutrina central buddhista é a interdependência. Que cada gesto, por menor que seja, repercute indefinidamente em nossa corrente mental e na de todos os seres. Sair do isolamento de nossas buscas individuais é algo difícil. Sair do exclusivismo de nossas escolas e objetivos, e pensar no bem maior do Dharma é uma consciência que se ganha com o tempo. Requer maturidade espiritual. À medida que algumas pessoas, aqui e ali, comecem a ver que a prática do Buddhismo é mais que apenas olhar para o próprio umbigo e que é com pequenas iniciativas como essa (mas grandes na motivação e na intenção) que o Dharma de Buddha é construído nessa terra verde e amarela, é que veremos, quem sabe um dia, o Dharma realmente germinar entre nós. Como o dep. Gabeira terminou seu discurso (não literalmente)http://rsasaki.