segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Outubro de 2007, e permanecemos assim em 2010


Foto EFE
Liu Xiaobo recebeu o Prêmio Nobel da Paz de 2010, está condenado a 11 anos de prisão na China, foi condenado a 11 anos de prisão por ter publicado um manifesto em defesa da liberdade de expressão e de eleições multipartidárias no país.

Em outubro de 2007 o manifesto, redigido pelo Colegiado Buddhista Brasileiro, do qual posto um pequeno trecho a seguir, foi lido no Templo Busshinji e sua íntegra entregue ao Deputado Fernando Gabeira, presente no evento, juntamente com outras autoridades presentes e representantes de várias denominações religiosas.
Ocorre que com as atitudes do governo brasileiro em 2010 quanto as execuções por apedrejamento de mulheres, no Irã, somadas aos enforcamentos de homossexuais, as continuadas repressões aos budistas na Birmânia pelo governo militar, e a já velha ditadura com prisões de consciência na China e em Cuba, este texto continua válido ao manifestar a inconformidade de pelo menos parte dos brasileiros com a falta de norte ético na sua diplomacia, apenas conduzida pelos interesses mais imediatistas e sem atentar para o bem da humanidade a longo prazo.


"Juntamente a estas sérias críticas, o Colegiado Buddhista deseja manifestar o seu mais profundo pesar e protesto ao comportamento covarde e omisso da chancelaria brasileira, em mais um momento importante na história das relações internacionais. O Brasil, certamente o mais influente país da América Latina, não pode sustentar o argumento de que uma opinião oficial a respeito não tenha influência. É certo que uma declaração veemente e direta a favor do bem maior da população civil birmanesa, e uma ação contundente baseada em sanções políticas contra aquela ditadura que não prejudiquem o seu povo, seria uma forma digna e correta do governo brasileiro atual demonstrar-se realmente capaz de agir com força e coragem para contribuir pelo desenvolvimento de uma nova política mundial de inter-relações governamentais, e reforçar o valor do Brasil como um membro atuante e firme no cenário político-social do planeta.



Entretanto, o governo brasileiro mais uma vez prefere fazer-se míope às imagens de sofrimento e repressão (esquecendo do terrível passado ditatorial de nosso país) e surdo aos protestos e ao bom senso, e opta por divulgar uma declaração pobre e superficial, onde admite seu desinteresse e incapacidade em agir de forma soberana e independente. Corroborando pressões de ideologias internacionais perversamente cerceadoras dos direitos humanos, e subordinando-se puramente à sedução das vantagens e lucros adquiridos em acordos econômico de interesse, o governo brasileiro vergonhosamente se faz valer de palavras inócuas, declarações ambíguas e um não-envolvimento inadmissível para um país com tanta influência potencial nos assuntos mundiais como o nosso."