Aluna: Monge, eu vejo que
todos esses elos, o melhoramento da vida ou de qualquer coisa depende
necessariamente de uma educação, de uma parte intelectual. E quem não tem isso?
Eu, por exemplo, levei tantos anos para chegar aqui para me dar conta disso e
olha que eu nem sou tão ignorante assim. Mas se eu não tenho alguém que me dê
um caminho eu não vou sozinha.
Monge Genshô: Não seria
impossível para uma pessoa descobrir o Dharma sozinha. De certa forma, o
Dharma, a sabedoria, está presente. Nós poderíamos, pensando, decodificá-la.
Mas como você disse, o esforço para isso é imenso e precisa de uma espécie de
mente genial para se chegar lá. Então quando nós consideramos sobre Buda,
Shakyamuni Buda foi um gênio. Realmente, um homem genial.
Mas quando as pessoas
perguntavam para ele, ele dizia que tinha vivido centenas de vidas como
Bodhisatva antes de ser Buda. Antes de despertar completamente. Na prostração
que vocês veem na cerimônia, o oficiante ajoelha-se e coloca as mãos assim
[acima da cabeça]. Vocês sabem de onde vem? Esse gesto é como se fosse uma
ponte. Eu vou receber os passos de Buda para ajudar os outros seres. Mas ele
vem de uma antiga história de que um Buda de outra era, chamado Buda Dipankara,
o Buda anterior a Shakyamuni Buda, estava andando no caminho e tinha um buraco
com lama. E um jovem foi lá, atiruou-se no buraco e fez a prostração para
que o Buda andasse sobre ele, para servir de ponte para que o Buda
continuasse andando. E o Buda Dipankara fez isso. Pisou nas mãos dele, nas
costas dele, saiu do outro lado e se virou. O jovem Bodhisatva olhou para Dipankara
Buda, e este disse: “daqui a quinhentas vidas você será um Buda”. O jovem era
Shakyamuni quinhentas vidas atrás.
Essa história gera a
nossa cerimônia da prostração. Há várias lições dentro dela, e uma delas é que leva muito tempo
para você conseguir aprender, transformar-se e extinguir-se como um Buda. Você
precisa ter muitas vidas como Bodhisatva, ajudando os outros seres. Você precisa
estudar e aprender muito.
[Trecho extraído de palestra proferida em Florianópolis, 23/08/2016, por Meihô Genshô Sensei]