Estamos apegados às nossas crenças, identidade, amigos, etc. Quando pensamos em abandonar qualquer dessas coisas a que nos agarramos, surge imediatamente um temor. Esse medo e aflição são produto do mecanismo de auto-proteção do ego. O ego está agarrado àquilo tudo e parece que ele equivale àquelas coisas, crenças , afetos , pessoas.
Nosso eu sempre está querendo se ampliar, somar coisas à sua identidade, memórias, amigos, prazeres; quer ser eterno, não abre mão de uma permanência impossível, quer continuar o sonho, como um louco agarrado à sua fantasia. É preciso coragem para largar todo esse apego . É saltar em um precipício sem nada saber sobre o que está lá embaixo.
No entanto, aquele que salta descobre-se subitamente liberto de inúmeras amarras e condicionamentos, que eram nossos donos. Acreditávamos que nós éramos exatamente aquele conjunto de apegos. Como as pessoas que dizem: 'eu sou assim'. Como se esse 'assim' criasse uma identidade que ele chama pelo seu nome.
A nossa verdadeira identidade está muito mais acima desse sonho de peça escolar, é uma identidade luminosa, abrangente, que percebe a inseparatividade de todas coisas, que é ilimitada, não condicionada pela existência cíclica, pelas identidades individuais, compreendendo tudo, percebendo com nitidez sua eternidade não sujeita à mutabilidade de um mundo submerso em condições.