quinta-feira, 30 de junho de 2011

Pronúncias








"Existem muitos métodos de transliteração e aqui no Brasil já estão nascendo outros devido ao uso no dia-a-dia. Outro ponto também é a questão de uma palavra passar a fazer parte de nosso idioma, já incorporada ao uso e à citação nos dicionários, como são por exemplo as palavras "deletar" que passou a ser usada largamente em português por causa da informática. Nós a recebemos do inglês, mas sua raiz é latina.



Segundo o Aurélio (que já está virando sinônimo de dicionário):[Adapt. do ingl. (to) delete, 'destruir', 'eliminar'; 'apagar ou rasurar (texto)', < lat. deletus,part. pass. do v. lat. delere, 'apagar', 'riscar' (v. delir e -ar2).]V. t. d. Inform. 1. V. apagar (9).Em português temos o verbo "delir":[Do lat. delere. Cf. deletar.]V. t. d. 1. Apagar, desvanecer, esvanecer, esvaecer: 2 2. Fazer desaparecer; destruir, desfazer: & 3. Dissolver, diluir, desfazer: 2 4. Abater, gastar, consumir: 2V. p. 5. Desfazer-se, desmanchar-se: & &[Conjug.: v. aderir. Defect. Falta-lhe a 1ª pess. sing. do pres. ind. e, dela derivado, o pres.subj. Pres. ind.: deles, dele, delimos, delis, delem; imperf.: delia, delias, etc. Cf. dele (ê) epl. deles (ê); délia, fem. de délio; Délia, mit. e antr.; e Délias, heort.]E para quem acha que são palavras estranhas, basta lembrar que usamos freqüentemente a palavra"indelével": Que não se pode delir; que não se dissipa; indestrutível.




A língua é viva e por isso vai se adaptando. Veja o curioso caso do "mouse" (rato em inglês) mas quando compro dois, eu peço 2 "mouses" e não 2 "mice" (que é o plural de "mouse"). Muitos outros exemplos poderiam ser dados quanto ao inglês e acho que os termos budistas já estão começando a se adaptar. Vejo por exemplo que tudo mundo fala "o" Buda, "o" Dharma, mas fala "a" Sangha (!?).Em alguns casos palavras orientais estão sendo incorporadas ao português e ainda me doem os ouvidos ao ouvir na feira o nome da abóbora cabochã (que vem do japonês Kabocha=abóbora) ou tatame que na verdade é "tatami". Mas assim é a língua.




No caso da língua chinesa, não posso afirmar com muita certeza, mas o sistema internacional de grafia adotado pelo governo chinês é relativamente recente e em meu computador eu possuo pelo menos 5 formas diferentes de fontes e pronúncias.




Mas existem algumas coisas que se incorporam pelo uso, assim como no exemplo do Tao (Dao), Tai-Chi (Dai-Ji) e Pen Juo (Ben Zhuo oucoisa parecida ) .No sânscrito também vamos encontrar também vários sistemas. Se você pegar por exemplo o livro Bhagavat-Gita traduzido pelos Hare Krishna's, você vai encontrar uma tabela da transliteração usada por eles, mas no nosso uso diário, temos alguns problemas como por exemplo a falta de sinaisdiacríticos, que são aqueles pontinhos embaixo de algumas letras ou "s" acentuado e etc. Por exemplo, na palavra "Shakyamuni", na verdade não é nem "Sakya" e nem "Xáquia", a pronúncia é geralmente algo entre essas duas opções, mas que em português nem faz sentido pois nossos ouvidos ainda não estão treinados para essas diferenças. O mesmo acontece quando pegamos alguns livros e vemos Shiva escrito como Xiva ou Siva. No caso do "n" também acontecem esses problemas e temos por exemplo o Prajna que na verdade seria Prajña e sua pronuncia original se aproxima de algo como"prá-nhá" (Hannya em japonês). Os sons longos e curtos também são problemáticos como por exemplo"Shari" que se for "Shári" (na verdade o sinal diacrítico seria um traço sobre o "A" para alongar)que são as relíquias, usado para os restos mortais do Buda, ou se for "Shari" é um nome de um pássaro, como no caso do nome de nosso Shariputra (o filho de Shari), pois Shari era o nome dado a sua mãe, que diz a tradição oral era dona de uma belíssima voz. Mas em português não faz nenhumadiferença você dizer o Shari de Buda ou Shariputra. Mesmo a palavra Buda ou Buddha (pronunciado compausa muda no "d" e "h" aspirado, como em inglês hot-dog) em português, não faz nenhuma diferença.




Já em japonês, a coisa fica mais complexa. O sistema internacionalmente adotado para documentos é o sistema Hepburn, mas este é baseado no inglês e às vezes causa confusão em português. Por exemplo o"kabocha" onde o "ch" por este sistema tem som de "tch" mas em português acaba-se lendo "caboxá" e não "kabotcha ou kabotya".Nos templos, ainda estamos tendo esse tipo de dificuldade e na verdade ainda não existe um sistema padronizado.




.........Parece difícil no começo mas quando se estuda a língua isso se torna natural e não há confusão, pois os alfabetos simplificados (usados para mostrar a pronúncia dos ideogramas) são silábicos e contémem si a pronúncia exata, evitando confusões."




Gasshô,Rev. Wagner (Sh. Haku-Shin)