terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Daishinkon


Comentários sobre: Os Três Elementos Essenciais da Prática do Zen por Yasutani Hakunn.

O primeiro dos três elementos essências da prática do Zen é uma fé vigorosa (daishinkon). Isto é mais do que uma simples crença. O ideograma para kon significa raiz e para shin, fé. Assim a frase implica uma fé que é firme e profundamente arraigada, imóvel como uma árvore imensa ou um grande penedo. É uma fé, ainda mais, não maculada pela crença no sobrenatural ou na superstição. (TEXTO) E aqui algo para nós distinguirmos estas palavras, crença e fé. Quando nós acreditamos em algo sobrenatural ou extraordinário ou sem nenhuma evidência, isto é uma crença, a crença muitas vezes é a fé degenerada, então acredita-se em coisas só porque elas foram ditas por uma autoridade ou porque está num texto ou porque fazem parte de um axioma qualquer da nossa religião. Fé no Buddhismo não tem este significado é isto que nós vamos estudar agora. (COMENTÁRIO). O Budhismo tem sido freqüentemente descrito como uma religião ao mesmo tempo racional e de sabedoria. Mas é uma religião, e o que faz dele uma religião é este elemento de fé, sem o qual seria apenas uma filosofia. (TEXTO). Só raciocinaríamos, e muitas vezes dado este aspecto extremamente racional do Buddhismo, de questionamentos, os textos de Budha mesmo, são assim sempre, demonstrativos, argumentativos, mostrando contradições, destruindo crenças, então às vezes o Buddhismo é olhado como uma filosofia e aqui então mestre Yasutani está dizendo não, é uma religião, porque existe um elemento de confiança...

P. Não poderia ser também uma filosofia?

R. Vamos um pouquinho mais adiante...sim, claro, poderíamos dizer que tem construção filosófica, numa definição de Edward Conze o Buddhismo é um pragmatismo dialético de fundo psicológico, então ele está dizendo que ele é prático, pragmático, pretende funcionar, é dialético porque tem este elemento filosófico de discussão, de procura de uma verdade racional e métodos de fundo filosófico, psicológico porque ele pretende usar a mente como alvo, uma espécie de psicologia bastante diferente da psicologia tradicional que nós conhecemos, mas com elementos de contato. Nós podemos ver que os métodos, por exemplo, da psicologia e seus objetivos são diferentes dos objetivos e métodos Buddhistas, por exemplo, no Buddhismo nós não queremos adaptar o homem ao mundo, mas normalmente o objetivo na maioria (não todas é óbvio) das linhas psicológicas é adaptar para que funcione bem no mundo. O Buddhismo não tem este objetivo, por exemplo, uma psicóloga pode trabalhar dentro de uma unidade militar para que os soldados sejam bem adaptados a sua função, e pode tratar, por exemplo, os soldados que sofrem de culpa por terem matado ou de angústia, ou de medo ou qualquer coisa assim e se for bem sucedida na sua tarefa terá sido uma boa psicóloga, o Buddhismo vê este objetivo como limitado, na realidade ele quer um outro homem e esse outro homem, na verdade, se recusaria a ser um agente de morte...