Monge Genshô: O Zen é um método de estudar o budismo, que se utiliza da mesma prática que Buda usou, que é a meditação. Mas a meditação e o Dharma não são propriedades do budismo nem do Zen. Elas estão aí no mundo, existem múltiplos métodos para serem praticados, pois as pessoas são diferentes e, assim, precisam de diferentes métodos. Por isso que nós temos de admitir, e jamais dizer “eu tenho a verdade, ou este é o caminho e os outros estão todos errados”. Até o conceito de certo e errado, como eu explico no livro “O Pico da Montanha é onde estão os meus pés”, é um engano, pois também está no campo da dualidade. Eu não posso dizer que isso é certo, e aquilo é errado.
Nós temos o Dharma, a sabedoria. E nós temos ignorância, é claro. Mas nós podemos sair da margem da ignorância e atravessar para a margem da sabedoria. Isso significa prajna paramita (prajna = sabedoria / paramita = a outra margem). Agora se eu pego o barco, ou um veículo qualquer – que é uma forma de espiritualidade qualquer –, atravesso o rio da ignorância e chego à outra margem, se eu for um Bodhisattva (ser de compaixão) eu retorno para ajudar os seres que estão na margem da ignorância. Porque eu não posso ir sozinho, e aquele barco eu não posso carregar nas costas. Por isso os Bodhisattvas permanecem aqui.