Um princípio essencial da nossa prática
é a harmonia. Como é que nós praticamos a harmonia no nosso sentar? Há no nosso
sentar alguns princípios que nós temos que conservar em mente todo o tempo. Nós
sentamos e estamos cuidando da nossa prática. A nossa prática é imperfeita, de
modo que quando nós chegamos fazemos uma reverência, cumprimentamos o lugar
onde vamos sentar, agradecemos que ele exista, os esforços necessários para que aquele zafu esteja ali, nos voltamos sempre girando no
sentido horário para agradecer e pedir desculpas a todos os outros que estão
junto conosco, sentados, porque nós, imperfeitos que somos, vamos atrapalhar os
outros.
Nós vamos nos mover, espirrar, tossir, nós
existimos e ao existirmos, perturbamos. Nós nos viramos no sentido horário
porque o tempo não volta para trás. É por isso que sempre nos giramos no sentido
horário dentro do zendô. Porque não há como voltar atrás dos erros que
cometemos. Nós vamos cometer enganos, erros, e eles ficarão cármicamente
marcados e trarão consequências. Por esse motivo nós nos inclinamos então para
todos e pedimos desculpas quase como se pedíssemos desculpas por existir, porque
ao existirmos nós estamos fazendo isso.