Aluno – O que são as palavras finais no
Sutra que entoamos agora?
Monge Genshô – “Maha Prajna Paramita”. “Maha” é grande. “Prajna”
é sabedoria. “Paramita”, é da outra margem. É o ‘grande sutra da sabedoria da
outra margem”.
Você imagina o rio da
ignorância e tem uma margem aqui. Você atravessa esse rio, e a outra margem é a
margem do despertar, da iluminação. Então, chegando lá, é a sabedoria da outra
margem, é isso o que significa.
Nós visualizamos o budismo
como um veículo para atravessar o rio da ignorância. Então você pega o barco do
budismo e atravessa. Ao chegar lá, não precisa sair carregando o barco nas
costas, ou seja, o budismo também é descartável, o budismo é a religião que
aponta para a libertação do próprio budismo.
Mas existe uma outra imagem
que é a do Bodhisattva que atravessou para a margem da sabedoria, aí ele chega
lá e olha para margem da cá, a da ignorância, e vê tantos seres sofrendo, que ele
opta por voltar para buscar esses seres. Então ele é um barqueiro que vai e
volta, ele não deixa o barco, por isso ele continua usando o
budismo. Mas o budismo é um veículo, um método, não é a verdade, a religião
suprema, não é nada disso.
A ideia budista é que nós
temos métodos e esses métodos são os barcos que nos farão atravessar aquele
rio. E existem barcos diferentes para pessoas diferentes, tanto que no próprio
budismo há escolas diferentes, tem Escola Zen, Escolas Tibetanas, Escola Theravada,
Escolas Terra Pura, e estas são apropriadas para diferentes tipos de pessoas,
diferentes tipos de mentes. E por isso elas existem, porque pessoas que
são diferentes precisam de barcos e até mesmo religiões diferentes. Então nossa
postura tem que ser de infinita tolerância e aceitação da diferença do outro,
não pode haver intolerância alguma.