Quarenta
minutos de Zazen é pouco tempo. Nos retiros do Zen, fazemos por volta de sete ou oito
horas por dia. Com esse processo, faz-se com que a mente se esvazie à força.
Depois de algum tempo assim, surge uma calma, uma serenidade. É um processo
artificial e só vai funcionar naquela situação. Quando você voltar para a sua
vida, qualquer coisa vai lhe perturbar. Mas, naquele momento, você consegue uma
serenidade. Se você está realmente sereno e sua mente parou de viajar para o
futuro e passado, criam-se condições para você ver a sua verdadeira natureza.
Quem
vê sua verdadeira natureza liberta-se da necessidade de crenças e vê que o
próprio nascimento e morte fazem parte dessa ilusão; vê que você não é quem pensa que é agora: um animal que está se deslocando e carregando um monte de
coisas, de turbulências dentro da mente. Se você vir sua verdadeira natureza,
você pode despertar das ilusões da vida.
Acontecendo
isso, surge instantaneamente uma libertação de toda dor e sofrimento. Tudo
aquilo que nos agarra e nos conduz desaparece. É por isso que atingir o
despertar é profundamente feliz e provoca grande alegria. É claro que para a
maioria das pessoas em volta você vai parecer que não bate muito bem, mas na
verdade é você que está batendo bem. É você quem está com os parafusos no lugar
e os outros estão se perturbando com aquilo que não é para se perturbar. Quando
você retorna de uma situação assim (sesshin - retiro) para o mundo, parece que as
pessoas estão loucas.
Quando
você começa a lidar com os assuntos da vida, você entra no sonho de novo:
incomoda-se com as contas para pagar, pensa em como vai fazer para sobreviver,
até que você de repente percebe: NÃO! Bobagem! Isso é parte do sonho. Eu não
preciso levar tão a sério. Eu posso resolver. E a vida por si mesma mostra sua
solução.