Todas as estruturas budistas são métodos para a libertação.
Os ensinamentos também, as filosofias também, isso que nós estamos falando
também. Nós estamos falando de Nagarjuna, de uma construção filosófica que
sobreviveu já a mil e oitocentos anos de crítica. Ninguém conseguiu realmente
superar essa obra de Nagarjuna. O budismo teve muitas críticas, muito debate
interno durante séculos, mas eles praticamente atingem seu auge com Nagarjuna e
os filósofos yogacarins, Asanga e Vasubandhu, dois irmãos, que são temas para
outro tipo de palestra.
Mas
depois dos primeiros mil anos, o budismo se consolida e diz: não, nosso
pensamento é esse. Aí ninguém consegue derrubá-lo. Porque Nagarjuna mesmo diz,
declara, que não adianta, que a linguagem é insuficiente para tal exploração. Curiosamente
é a declaração do filósofo do século XX, Wittgenstein, que também declara isso, demonstra que a linguagem é insuficiente para resolver os problemas
filosóficos. Essa, curiosamente, é uma coisa que a filosofia ocidental nunca estudou,
mas que está presente no budismo do século II, através de Nagarjuna. É uma pena
que a nossa universidade seja pobre na exploração dessas obras orientais, é uma
pena que ela seja só eurocêntrica. Haveria muita coisa para ganhar com esse
exame.