Aluno: o que seria a verdadeira natureza?
Existem exemplos?
Monge Genshô:
Podemos usar analogias. Uma analogia que usei e gosto bastante é a dos
redemoinhos. Porque existem ventos cármicos, porque existem impulsos,
movimentos e etc., nós existimos. Assim como o redemoinho, que só gira porque
existem diferenças de temperatura que provocam ventos.
Você
olha no centro do redemoinho e vê um eixo, mas ele é completamente vazio. Ele
só existe porque há movimento em volta. Quando some o vento, o que acontece com
o redemoinho? Ele desaparece. O que realmente existe é a atmosfera. O céu azul
sempre permanece. Os redemoinhos surgem porque existe diferença de temperatura.
Porque existe carma, existe o redemoinho que é você. Porque existe movimento,
parece que tem um eixo. Esse eixo em torno do qual tudo gira você chama “eu”.
Mas
a sua verdadeira natureza é o céu azul, que você não enxerga, porque só enxerga
o redemoinho. O redemoinho surge e tem medo de desaparecer. Ele quer ser
eterno. Por isso as religiões inventaram a alma: tem uma alma no centro do
redemoinho. Essa alma nasce de novo em outro redemoinho; ou então essa alma vai
para o céu dos redemoinhos, que é um céu especial, onde os redemoinhos ficam
girando sem parar. O Budismo diz outra coisa: que isso também é ilusão - não
existe o céu dos redemoinhos, o eixo do redemoinho também não existe, pois só é
formado pelo movimento, e só a extinção do movimento vai causar a libertação.
Você é, no fundo, o céu azul.