Se
preparamos nossa mente dessa forma, então podemos mergulhar no zazen em Samadhi,
que é o estado da mente em que se está sem cogitar, sem julgar, sem lutar. É
quando você está realmente ouvindo os pássaros e o som do mar. Se você está
nesse estado de concentração sem viajar para o passado ou o futuro, se consegue
ficar alguns momentos assim, mesmo que não sejam longos, estes momentos são os
momentos de Samadhi, de boa concentração.
A
prática do zazen consiste em prolongar esses momentos o máximo possível,
ficando com o corpo imóvel, com a respiração correta, atento aos sons e sem
deixar que os pensamentos sentem-se para tomar chá. Eles podem até entrar pela
porta da frente e sair pela porta dos fundos, mas você não os pode convidar
para sentarem-se à mesa. Os pensamentos têm que entrar e sair, apenas passar
por aqui, sem que nós os sigamos, sem que os elaboremos, pensemos sobre eles e
encadeemos a outros. À medida que você for fazendo isso, a frequência de
pensamentos irá diminuir, mas se você estiver sofrendo demais sentado, você não
faz outra coisa além de esperar que termine e por isso sofrer demais não é bom.
Um pouco de desconforto é suportável: você se lembra dele, esquece e está bem.
Mas se for tão grande o desconforto que você só pensa no sino, então não está
bem, troque de posição ou faça alguma coisa para voltar a um estado de mente
razoável. Não precisa fugir de uma primeira sensação de desconforto, pois essa
sensação também é útil para ficar aqui, onde você está, em vez de viajar para
mundos prazerosos e deitar-se numa praia no Havaí, ao sol. Esse desconforto
serve para lembrá-lo que você está aqui, no sesshin.