sexta-feira, 30 de junho de 2017

Transcendendo os Objetivos Individuais




Aluno: falando sobre paixão, já é difícil levantar cedo todo dia para tentar ter um salário mais ou menos. A pessoa almeja ganhar mais, é um objetivo pra ela. Ter um objetivo é o que permite que esta pessoa siga batalhando e lutando. É o que permite que ela continue indo em frente.

Você colocou que é preciso haver uma ambição para que nos movamos, porque queremos alguma coisa para nós mesmos. Mas não é obrigatório que a sociedade se mova desta forma. Você pode mover-se sabendo que o bem comum exige isso também. Há pressão social para tanto. 

Nós não enxergamos muito bem isso num país como o nosso, mas o Japão, por exemplo, veio de uma cultura de cultivo do arroz. Todo mundo tem que estar envolvido no cultivo do arroz, precisa de uma multidão de pessoas trabalhando. Então toda a sociedade funciona com uma cobrança de que você não pode ficar parado, você tem que agir para o bem comum. Você vê isso até hoje no Japão: o bem comum é tão importante que todo mundo está olhando para você. Lá você não joga lixo na rua porque todas as pessoas estão olhando mesmo, e não toleram que você faça isso.

Isso foi levado a um ponto tal que no Japão não há serviço público de coleta de lixo na rua, pois isso é um encargo de todas as pessoas. E, quando houve aqui o campeonato de futebol, todos vimos os japoneses limpando o estádio depois do jogo. Logo os brasileiros já começaram a fazer a observação de que o problema do Brasil estaria resolvido: era só cada um levar um japonês.

A partir daí você enxerga que a sociedade não precisa funcionar com estímulos absolutamente individuais, mas ela também pode ter estímulos de cobrança coletivos. Então, voltando ao que você perguntou, você se moveria sim, senão o resto da sociedade viria para chutar a sua cadeira: você não pode ficar sentado aí enquanto nós precisamos plantar para você comer.