Aluno: falando sobre paixão, já é
difícil levantar cedo todo dia para tentar ter um salário mais ou menos. A
pessoa almeja ganhar mais, é um objetivo pra ela. Ter um objetivo é o que permite
que esta pessoa siga batalhando e lutando. É o que permite que ela continue
indo em frente.
Você
colocou que é preciso haver uma ambição para que nos movamos, porque queremos alguma coisa para nós mesmos. Mas não é obrigatório que a sociedade se mova
desta forma. Você pode mover-se sabendo que o bem comum exige isso também. Há
pressão social para tanto.
Nós não enxergamos muito bem isso num país como o
nosso, mas o
Japão, por exemplo, veio de uma cultura de cultivo do arroz. Todo mundo tem que
estar envolvido no cultivo do arroz, precisa de uma multidão de pessoas
trabalhando. Então toda a sociedade funciona com uma cobrança de que você não
pode ficar parado, você tem que agir para o bem comum. Você vê isso até hoje no
Japão: o bem comum é tão importante que todo mundo está olhando para você. Lá você
não joga lixo na rua porque todas as pessoas estão olhando mesmo, e não toleram
que você faça isso.
Isso
foi levado a um ponto tal que no Japão não há serviço público de coleta de lixo
na rua, pois isso é um encargo de todas as pessoas. E, quando houve aqui
o campeonato de futebol, todos vimos os japoneses limpando o estádio depois do
jogo. Logo os brasileiros já começaram a fazer a observação de que o problema
do Brasil estaria resolvido: era só cada um levar um japonês.
A
partir daí você enxerga que a sociedade não precisa funcionar com estímulos
absolutamente individuais, mas ela também pode ter estímulos de cobrança coletivos. Então, voltando ao que você perguntou, você se
moveria sim, senão o resto da sociedade viria para chutar a sua cadeira:
você não pode ficar sentado aí enquanto nós precisamos plantar para você comer.