Pergunta: Isso que o senhor falou sobre
trabalhar no mundo e na sangha me remeteu àquela frase: “estar no mundo sem
ser o mundo”. A gente está nele, mas nós não podemos pertencer a esse mundo de
ilusão.
Monge Genshô: Ele é um mundo de
ilusão aos nossos olhos deludidos, mas para os olhos de Buda é o mundo tal como
ele é. Ele é como é. Nós olhamos o mundo de forma distorcida, como se usássemos
óculos que distorcem a realidade. Se nós tirarmos os nossos olhos e colocarmos
os olhos de Buda, o mundo é real, ele não é ilusório. É a nossa percepção que é
ilusória. Isso é bem importante de lembrarmos, porque não é como se o mundo
fosse um sonho, ele existe. Mesmo que você desapareça, ele existe.
Existe uma escola chamada Yogachara, que
propôs que só existia consciência e que éramos nós que fazíamos surgir o mundo
com a nossa consciência. Isso implicaria que desaparecendo você, desapareceria
todo o universo. Essa escola, embora sua estética tenha sobrevivido dentro de
outras escolas, não sobreviveu de forma pura por causa do radicalismo dessa
postura. Compreende? Então o budismo não é niilista, nada existe, nem
eternalista, tudo existe para sempre. O budismo é madhyamika: caminho do meio,
nem um extremo, nem outro.
[Trecho de palestra proferida por Meihô Genshô Sensei]
[Trecho de palestra proferida por Meihô Genshô Sensei]