Nesse tipo de tema que estamos entrando
começa a ficar difícil na própria palestra transmitir exatamente o que é dito.
Para isso tem um ditado no Zen: quando você fala sobre o Zen, o Zen não está
ali. Estou falando sobre o Zen, então ele não está aqui, ele está além do que
eu posso me expressar, por melhor que eu me esforce. Por isso tantas vezes os
professores dizem: “volte para a sua almofada e sente”, só você sentado vai
conseguir alguma coisa. Portanto assistir palestra sobre o Zen pode até ajudar,
mas não é a experiência do Zen. A experiência do Zen é ir ao sesshin e sentar
no zafu de frente para a parede.
Assistir palestras e ler livros é ser
intelectual Zen. Um antigo professor meu dizia: “esse é o Zen do cafezinho”. O
sujeito lê 5 livros sobre o Zen, depois ele senta num café e explica para os
amigos koans, ideias elaboradas,
tomando um cafezinho e se acha brilhante, mas ele não é. Muitas histórias do
Zen mostram acontecimentos assim.
Tem uma história que conta de um aluno
que chega em frente ao Mestre que está fumando um longo cachimbo. Fumar é o
hábito dele. O aluno senta-se e diz: “eu entendi o vazio, eu entendi todas as
paixões, me livrei de tudo isso”. O Mestre fica ouvindo. De repente o Mestre
pega o cachimbo e “pá!”, bate na testa dele. O aluno diz: “o que é isso?”,
indignado. E o Mestre pergunta: “se não existe nada de onde é que vem essa
raiva?”. Isso mostra a falsidade daquilo tudo que o discípulo estava falando,
todo aquele fingimento bonito das palavras.
Isso acontece bastante, alunos vêm
falar com o Mestre e tentam impressionar contando experiências maravilhosas,
mas como o Mestre já sabe como são as experiências, ele facilmente distingue
aquele que está fingindo, daquele que está narrando alguma coisa verdadeira.
[Trecho de palestra proferida por Meihô Genshô Sensei]