quarta-feira, 21 de março de 2012

Deixe o pensamento passar


P. Se surge um pensamento não é meio agressivo mandar parar?

R. Em vez de empurrar o pensamento, em vez de mandar pará-lo apenas volte para aqui porque ele é só uma nuvem passando, volte para cá, só retorne para este momento porque neste momento o que tem é aquele som lá fora. Volte para cá e ouça os sons que estão lá fora. É fácil no zazen. Se estamos sentados aqui e ouvimos o som, está bem, se começamos a fantasiar perdemos então não empurre o pensamento nem mande pará-lo. No máximo se dê conta ah, este é um pensamento sobre o passado. Só isto. Este é um pensamento sobre o futuro. Só isto. E volte para cá. Apenas se dê conta porque depois na vida quando nós estamos vivendo e surgem os pensamentos nós temos que nos dar conta ah, é isto, ah, é ciúme, ah, é raiva, ah, é orgulho, é ambição, ah, é isto que está surgindo na minha mente e quando você se dá conta “é isto” eles perdem a força e quanto mais eles se apresentarem e você disser ah, é só isto, eles murcham e você volta para cá. Quando você ganhar esta habilidade na vida normal, onde é mais difícil do que no zazen, aí você começou a ser dono da vida. Se alguém agride você ou insulta, você olha para ele e se dá conta ah, é a raiva na mente dele, não sou eu. Não preciso entrar no jogo. Entrar no jogo dele é a mesma coisa que ver alguém se afogando num rio de forte correnteza e nós que não sabemos nadar ou estamos com botas pesadas ou qualquer coisa assim nos atirarmos atrás. É absolutamente tolo nós fazermos uma coisa destas. É ele que está com aquele problema, é a mente dele, a sua não precisa acompanhar. Não se jogue na fogueira junto com os outros e para isto é necessário que nós percebamos o que está acontecendo, vejam quanto a humanidade não percebe, porque multidões são facilmente arrastadas para um quebra-quebra ou para atitudes de ódio. É fácil, uma nação inteira pode ser galvanizada por uma coisa. Ah, aquela ilha lá é minha, é minha, aí começamos a correr, entramos numa guerra porque aquela ilha lá é minha, meu território. É uma fantasia, não é? Não aconteceu conosco aqui perto pouco tempo atrás? Décadas atrás? Uma nação inteira galvanizada por uma questão de esta ilha é minha? E morreram centenas e centenas de homens por causa desta fantasia? São só crenças, nós não precisamos nos atirar à elas então precisamos perceber como ela surge e isto se aprende neste treinamento ali sentado. Surgiu o pensamento ah, é isso. Voltamos para cá porque a única coisa real que existe neste momento são as cigarras lá fora.