quarta-feira, 27 de junho de 2012

"Do" ou o caminho



Qual é o sentido dessa prática? Se você tomar como um trabalho não é nada, se tiver objetivo também vai perturbar. Tem que conseguir fazer sem eu, sem colocar o ego. Todas essas técnicas que eu estou colocando aqui são inerentes à prática do Zen e do sesshin, são estratégias para demolir o ego e por que às vezes as pessoas acham tão difícil? Porque às vezes parece que é humilhante, porque elas se sentem importantes e os professores costumam dar aos alunos não o que eles fazem bem, mas a tarefa na qual eles têm dificuldade e todo tempo você vai sendo corrigido, aí você pensa: mas tem sentido isso? Tem sentido o ritual,o movimento? Não, poderíamos mudar rituais e  movimentos. E costurar é uma tarefa que pode ser usada para isto, mas trabalhar na horta também. Limpar o chão também.
A questão é como é que nós colocamos “do”: caminho. Como colocamos “do” na tarefa. Como transformamos a tarefa em um “do”. Como transformamos em caminho porque aí é que nós começamos a ver como surge aquele sentimento. Você está fazendo a tarefa não faça só a tarefa.Olhe para dentro de si e veja: que sentimentos surgem em mim quando estou fazendo a tarefa? Eu quero ser apreciado depois? Eu quero que me digam que o trabalho é bem feito? Enquanto esses sentimentos estiverem presentes você não conseguiu. São justamente eles que nós temos que acabar sentados nas almofadas. Nós temos que fazer sem nos preocupar com nenhuma apreciação nem julgamento nem nosso nem de outro. É só fazê-lo para diminuir a força dessa identidade, que é ela que está nos perdendo e é ela que está criando o sofrimento. Criando o sofrimento através daquelas armadilhas, do apego e da aversão e da falta de consciência de que tudo isto é ilusório.