Houve um momento em que de cada trinta pessoas na China, uma era monge Zen budista. Então houve um período brilhante, a idade de ouro do Zen e do budismo na China. Algo impede que nós venhamos a dar mais passos nesse sentido, que o budismo se espalhe no mundo? Esse é o trabalho de séculos, séculos!
A idade de ouro na China do Ch´an só aconteceu mais de quinhentos anos depois da chegada do budismo na China. Nós recém estamos começando a história do budismo aqui. A história do budismo aqui, começou nos anos 60. Seikaku San, que agora se tornou monge, tem mais de 40 anos de budismo. Somos amigos há 40 anos. Por isso, se alguém estranhou que ele me chamou de “tu”, entendam que nós somos amigos desde jovens, e agora ele resolveu se tornar monge, depois de uma carreira como Professor de Filosofia numa Universidade.
Então, nós vemos essas coisas acontecendo e estamos construindo um budismo diferente aqui, que se parece mais com o budismo de Dogen. Por quê? Porque ele está mais focado no básico: na meditação, na realização espiritual e, naturalmente, menos cerimonialismo, porque aquela necessidade de cerimônias e rituais de que havia demanda há 800 anos atrás, porque o povo queria mágica e mística, hoje não existe da mesma forma. Não existe. E se alguém vem procurando misticismo, ou coisas esotéricas, extraordinárias, ou espíritos, comunicações com o externo, ele vai ouvir no Zen uma coisa radicalmente contrária: não procure nada fora de você. Não existe nada para procurar aí fora, ninguém para lhe ajudar. Não existem anjos no céu, espíritos benfazejos ou coisas assim, e nem demônios para nos perturbar.