Pergunta: Monge quando o senhor
fala, “esquecer de si” é esquecer, parar de pensar em mim, é isso que o senhor
tenta?
Monge
Genshô: É esquecer de sua própria identidade, é responder verdadeiramente à
pergunta, “quem sou eu”?
Aluna:
Eu não consegui ainda, eu a Sandra não sou eu. Eu tenho que esquecer a Sandra,
esquecer eu mesma, é assim?
Monge
Genshô: Sandra é só uma fantasia que você criou. Alguém te deu esse nome
Sandra, e você acreditou. Na realidade quem é Sandra? Aonde esta a Sandra? Você
não pode achá-la, é uma fantasia, uma máscara na qual você acreditou, desde a
infância lhe disseram que você era Sandra, mas quem é Sandra? Quem é Sandra
quando a chama se apagar?
Tem
uma celebre história de um Monge, uma história um pouco longa, mas no final ele
vai até o Mestre e fala até altas horas e o mestre diz, “agora vamos dormir”.
Ai
ele vai sair e o Mestre diz, “está muito escuro lá fora, leve esta vela”.
Ele
pega a vela pra sair, abre a porta, está um breu do lado de fora, muito escuro,
e quando ele vai sair o mestre sopra a vela. E, neste momento, este Monge
despertou.
Isso
eu tinha que te perguntar. Aonde você estará quando a chama de Sandra se
apagar? É isso que você precisa responder. Nem se trata de esquecer-se de si
mesmo, não existe ninguém para lembrar enquanto você pensa “eu mesmo, eu penso,
eu acho, eu julgo”. É sempre assim.
Não
é verdade que no Brasil tem 200 milhões de técnicos de futebol? Todo mundo sabe
melhor do que o técnico que estiver gerindo a equipe, a seleção, porque todo
mundo acha sempre que sabe melhor, que sabe como. Nós somos pessoas de grande
vaidade, só descobrimos como somos incompetentes quando as coisas estão
realmente na nossa mão.
E
você tem que responder: Onde eu estarei quando a chama de Sandra se apagar?
Mas
ainda assim, não é esquecer-se de si mesmo, é mais profundo ainda do que isso.