Ilustração de Fernando Zenshô Figueiredo |
Nós ouvimos frequentemente as pessoas dizerem que
devemos ser “um com todos os seres”, no entanto, todo o tempo que andamos no
mundo vemos coisas diferentes, pessoas diferentes, nossos sentimentos são
diferentes e mudam, nossas experiências são diferentes, então nos perguntamos
onde está essa tal “unicidade de todas as coisas”.
Na verdade a diversidade é a unicidade, ela apenas
é a múltipla manifestação das coisas. Nós, os outros e todas as coisas apenas
nos manifestamos de formas diferentes. Em toda unidade há diversidade e toda
diversidade é a própria unidade, nós é que queremos separar uma coisa da outra,
mas nossa vida diária é toda diversa. Quando pedimos as pessoas para que sejam
"um com todos os seres" não implica que deixemos de ver a diversidade
e não significa também que nossa vida não tenha diferentes aspectos como
alegria e tristeza, pois ela tem.
Saikawa Roshi em uma de suas palestras falou sobre
uma moeda que tem em seus lados nossa vida diária - 100% dualidade de um lado
e, do outro, o absoluto, completa unidade, nada de bom ou ruim, certo ou
errado. Tudo está na mesma moeda, mas quando você olha um dos lados não
consegue enxergar o outro. Como podemos estar conscientes de que uma ou outra
coisa é a mesma coisa, é a mesma moeda? Pois quando você anda, a vida diária é
100% dualidade. Você tem que ser capaz de virar a moeda a cada instante, quando
você conseguir isso, será capaz de integrar os dois lados e saberá que um lado
é fantasia e o outro é como as coisas realmente são. Isso pode parecer confuso
porque as coisas são diversas e ao mesmo tempo unas. Ao mesmo tempo em que vida
e morte existem, não existem, são apenas um pequeno aspecto das manifestações,
do ponto de vista absoluto não existe vida e morte, tudo sempre esteve, está e
de alguma forma sempre estará aqui. Universos surgem e desaparecem e tudo
sempre está aqui.