Pergunta – Pela forma como o senhor
expôs “O pico da montanha”, me parece que os objetivos não têm tanta
importância, que eles são de certa forma um guia, mas a escalada é que conta
mais?
Monge Genshô – A vida se mostra a cada
passo. Então, à medida que nós vamos indo num caminho, se nós ficarmos presos
num objetivo, isso vai ser ruim. É bom ter um objetivo, uma meta, porque isso
nos cria uma certa direção, isso a gente faz constantemente nas empresas e criamos
planos, é frequente pra mim. Mas as pessoas se reúnem, acontece algo inesperado
e aí, o que vamos fazer? Vamos fazer de acordo com o inesperado, não adianta
nos lamentarmos muito.
Eu gosto muito da história de Thomas
Edison quando o laboratório Menlo Park pegou fogo, ele chamou toda a família
pra assistir, e disse: “venham, venham, vocês nunca vão ver um incêndio como
esse!”, cheio de produtos químicos de laboratório, um tremendo de um incêndio.
E ele naquela alegria, e era o laboratório dele, era a vida dele, tudo o que
ele tinha construído até então. E a mulher perguntou: “mas você não está
chateado que está pegando fogo em tudo o que você fez até agora?”, e ele respondeu:
“estou pensando no laboratório que eu vou fazer agora, um novo, vou fazer tudo
melhor, os erros que tinham nesse não vão existir mais”. Ele já estava
planejando na cabeça dele que iria fazer um muito mais espetacular do que o
laboratório anterior. Então essa é a cabeça de Thomas Edison, por isso ele
registrou milhares de patentes, porque estava sempre pensando em uma nova
solução. Essa era a mente dele. Não estava preso num objetivo anterior ou no
que ele tinha anteriormente, mas estava pronto a mudar de ideia. Pegou fogo?
Ah, que oportunidade, o que nós vamos fazer agora?
Isso diz muito sobre o caminho, o
caminho é assim. Quando você caminha na vida é assim, que bom que tem mudança.
Quando nós nos agarramos demais e ficamos a lamentar aquilo que acabou, nós não
estamos vendo as grandes oportunidades que estão aparecendo. Por isso o pico da
montanha é aqui e agora.