O que faz com que eu tenha essa consciência aqui e agora? Minha onda cármica.
E minha consciência construída nesse momento, momento a momento, como
fotogramas em um filme. Eu tenho uma sensação de continuidade porque eles se
sucedem rapidamente. Mas, se eu tomar um instante de consciência, é só isso, não
é mais nada.
Para começar a clarificar as coisas a gente manda a pessoa sentar-se
em zazen, não é? E diz: "não olhe para o passado, nem para o futuro, é só esse
fotograma de agora. Então descubra, olhe isto, só olhe.". À medida que fazemos esse exercício, a lucidez começa a aumentar.
É que, na realidade, nós estamos
procurando, no budismo, fazer pessoas lúcidas, não iludidas, não
crentes; não pessoas que vão atrás de crenças, mas pessoas que enxergam. É isso
que é iluminação, que, diga-se, é uma má palavra, pois parece que vem uma luz dali e me
ilumina, e não é isso. A palavra correta seria "despertar": despertar
das ilusões, abrir os olhos. É um grande insight. É isso.