Não somos nós que vivemos uma vida,
mas a vida que nos vive. Nós
somos manifestações de toda a vida no mundo. Até do ponto de vista científico
podemos compreender melhor: a maior parte do peso nosso no corpo, agora, é de
seres que não são essencialmente nós - são vírus, bactérias, etc., estão todos
aqui dentro dos nossos corpos funcionando. E você não pode viver sem eles,
porque vivemos em simbiose, eles fazem trabalho para nós. Sem eles nós
não digerimos, não vivemos.
A maior parte do que existe no nosso corpo está
transitando. Se você faz uma emissão radioativa no cérebro de uma pessoa e o
fósforo no cérebro fica radioativo, em dez anos não sobra nem um átomo daqueles
radioativos que você registrou dez anos atrás. Porque esses átomos todos já
foram embora, já foram reciclados. Você passa o tempo todo reciclando átomos,
só recicla. E recicla tanto, e tem tantos átomos. É tão espantoso o número de
átomos que nós temos em cada molécula, que cada um de nós está respirando ar
com alguns átomos que foram respirados por Júlio César, Jesus Cristo, Buda, e
qualquer escravo, e qualquer ser que já passou na Terra tempo suficiente para os
átomos terem se espalhado na atmosfera.
O mesmo ocorre com a água: 70% dos corpos são
de água, e água que está nos corpos de vocês já choveu, já esteve no mar, nos
rios, dentro de outros corpos, de animais, de outros seres. É quase
inconcebível, mas é a verdade.
É que nós não enxergamos essas quantidades,
esses fatos com facilidade, não estamos conscientes deles. Se a gente começa a
pensar um pouquinho, começa a ficar espantado com isso. Mas se você compreende
o budismo, você olha e diz: "ah, era isso mesmo! Eu não sou mais do que um
fenômeno dentro de um universo imenso de átomos que está aparecendo, surgindo e
desaparecendo. É só isso."