quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Sem vir nem ir



Aluna: Já tem projeto de transplantes de cérebro.

Monge: Levando a memória junto? Então o "eu" seria um produto da operação do meu cérebro. O que é muito pouco para dizer quem sou eu. O produto que acontece porque meu cérebro está funcionando, isso é muito pouco. E é isso que o budismo diz. Eu repeti já em várias palestras, quanto ao ir e vir: "O monge que está morrendo". Quem não ouviu?
 
O monge está morrendo. Chega um mestre do lado dele e pergunta "eu posso lhe ajudar?" e o monge responde "se não há nenhum lugar para ir, como você poderia me ajudar?”.” Se você acha que vem, ou vai, ainda não entendeu nada.".

Não tem nada para ir nem para vir. Porque você já esteve aqui todo o tempo. Seu carma é movimento nesse universo, e você está aqui. Todos os átomos do seu corpo estão aqui, a sua personalidade, a sua onda cármica. Ela simplesmente continua porque ela não se esgota, só há continuidade. Não há um lugar para ir. Não existe um "para ir." E também você não veio para cá. Porque o seu nascimento é uma manifestação da sua onda cármica. Não é um "cheguei aqui agora".

Então, se não há para onde ir, também não existe de onde vir. No fundo, a declaração é assim: morte e nascimento também fazem parte das ilusões. Você pensa que nasceu e que esse é o começo de alguma coisa, mas não é. É só continuidade de alguma coisa.