Quando
nos sentamos em zazen, esta sensação de que não podemos desistir, mesmo não
aguentando mais, pode levar a uma outra mente, pois algumas pessoas
heroicamente aguentam simplesmente esperando que toque o sino e isso está sendo
muito desagradável para elas. O que eu recomendo é que desistam dos seus
orgulhos de praticar, desistam de serem bons praticantes. Vocês não são bons
praticantes. São maus praticantes. Então, assumam: “eu não sou bom. Eu não
preciso parecer bom, porque o Sensei está lá na frente olhando para mim. Eu não
preciso parecer bom para o meu colega do lado. Eu posso trocar de posição. Eu
posso trocar o zafu por uma cadeira. Eu posso, porque eu não sou bom”. E então
sua prática vai melhorar, porque não será mais uma prática para mostrar para
ninguém. Você terá desistido, porque é ruim mesmo e essa é uma grande
descoberta.
Quando
você faz um sesshin de sete dias, ou um Angô de meses, você descobre que você é
medíocre mesmo, ruim mesmo, que é um mau praticante e essa descoberta é
maravilhosa, porque é com ela que você abdica de si mesmo, do seu ego, daquilo
que você deseja parecer para os outros. Você tem que fazer o melhor que pode
sabendo que é ruim. Tem que trocar de posição quando não aguenta, tem que pegar
um banquinho, uma cadeira, qualquer coisa, com a assunção, o sentimento próprio
de humildade. Essa humildade de saber que é medíocre é muito boa, muito boa.
Minha
prática só pôde melhorar quando descobri que era um Monge medíocre - que era
ruim nas cerimônias, ruim em decorar os sutras e eu era ruim mesmo. Mas quando
me dei conta, percebi que estava bem assim. Não existia mais o desespero. É
quando você reconhece a si mesmo.