A prática da meditação
necessariamente leva a pessoa a ter um comportamento mais moral, mais ético?
Monge Genshô:
não. Se ela levasse sozinha, não haveria a listagem dos preceitos. Então, os
leigos são instados a seguir 5 preceitos: não matar, não roubar, não enganar,
não usar sua sexualidade de modo a causar sofrimento, não usar substâncias que
alterem a consciência. Esses cinco já são bastante difíceis. Vejamos:
i) não matar:
é bem amplo, pois implica em não matar todos os seres, e existem certos
limites, condições em que se tem que optar. Por exemplo, há situações em que
você tem epidemias de mosquitos. É necessário resolver o problema, porque
existe hierarquia entre os seres, seres mais valiosos, menos valiosos. Quando
você toma antibiótico, você mata bilhões de bactérias, e isso é correto. Então
temos que seguir uma linha de respeito. É o que quer dizer ‘não matar’. Por isso
é que muitos budistas acabam se tornando vegetarianos, porque querem ser
compassivos com outros seres, não querem participar do que ocorre nos
matadouros.
ii) não roubar:
significa não pegar nada que não lhe foi dado espontaneamente. Isso engloba
todas as formas de corrupção, de desvio, de se aproveitar dos outros;
iii) não enganar:
significa não enganar os outros, não mentir. Mas existem momentos em que dizer
a verdade em hora imprópria é muito ruim. Deve-se prestar atenção no sofrimento
que se está causando. Dizer a verdade não é sair por aí dizendo: "ah, eu sei
disso, eu sei daquilo". Isso não importa.
iv) não usar sua sexualidade de modo
a causar sofrimento: há 2.500 anos o Budismo não faz
distinção entre homens, mulheres, homossexuais, heterossexuais, transsexuais,
etc. Todos podem ser monges. Contudo, quando são Monges, a primeira regra é a
abstinência.
v) não usar substâncias que alterem a consciência: não usar nada que prejudique a sua clareza e lucidez. Não se embebedar, não usar nenhuma substância que lhe deixe sem entendimento.
(CONTINUA)