Os
Mestres não são nem um pouco piedosos. Se você não tiver confiança e coragem
para ficar com seu professor você desiste, pois acha que ele não é nem um pouco
compassivo com você. Quanto mais ele acreditar em você, mais severo ele será.
Enquanto os alunos são novos, eles são muito bem tratados. Quanto mais o aluno
progride, mais o professor pede a ele. Este é o processo. Não é muito diferente
de quando você resolve estudar música, vai a um professor e pede que ele lhe ensine.
Ele cobra muito de você e, quanto melhor é o aluno, mais ele cobra. É natural.
Semana
passada eu visitei, com a Semitha Cevallos (Shin On), que é nossa aluna em
Joinville e pianista no Bolshoi, o diretor do Bolshoi, senhor Pavel. Na Rússia,
ele foi selecionado para o Conservatório de Moscou, onde é difícil de entrar. De
lá, foi selecionado para o Bolshoi e hoje é diretor do Bolshoi de Joinville, o
único Bolshoi fora da Rússia no mundo.
Ele
estava nos falando do padrão de treinamento do aluno no Conservatório de
Moscou: são seis horas por dia no instrumento treinando, fora as aulas de harmonia,
composição, teoria musical, etc. que ele tem que fazer e, fora o colégio,
instrução normal.
Só
assim você consegue um alto padrão, somente com alta exigência. No Zen não é
diferente. Os mosteiros são tão severos, tão difíceis. No ano passado eu estive
por três meses em um mosteiro japonês e perdi 16 Kg. Sodô san, nossa Monja de
Brasília, ficou dez meses, e perdeu 25 Kg. Realmente não é fácil, mas é muito
melhor do que era no tempo de Dogen, no séc. XIII. Quem quiser ter uma ideia,
assista ao filme sobre a vida de Dogen.